sábado, 30 de abril de 2016

O Buraco da Agulha - Ken Follett

Prossigo em minha tarefa de ler os livros de Ken Follett no estilo thriller de espionagem e de guerra. Entretanto, este romance, seu livro de estreia, também cai no estilo de ficção histórica, em que o autor se sai tão bem.
Nesse livro seguimos as atividade de um espião nazista, o Agulha, na Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial. Com ele aprendemos um pouco sobre seu treinamento, suas ações e reforçamos aquele lugar comum sobre a violência e a desumanidade dos oficiais de Hitler.
Em contrapartida, acompanhamos também o correspondente britânico para o Agulha, um jovem civil, historiador de carreira, às voltas com um estudo sobre os Plantagenetas na Idade Média, que é convidado por seu tio a integrar o MI6 (agência de espionagem e contraespionagem britânica — a mesma da qual fazia parte James Bond) e ajudar na caçada aos espiões de guerra.
Assim, alternando entre esses dois personagens e seus respectivos comandos, assistimos algumas das atividades desse período tão famoso e tão sangrento.
Embora seja sua primeira publicação, Follett demonstra nesse livro mais capacidade que em alguns que o sucederam (como o que eu descrevi no começo do mês, Na Toca do Leão).

O livro também foi adaptado para o cinema, com o mesmo nome.

sábado, 23 de abril de 2016

A Revolução dos Bichos - George Orwell


Eis que, no início da noite, em uma fazenda na Inglaterra, o porco convoca uma reunião. Todos os bichos comparecem, lotam o celeiro para ouvir o porco falar, com deferente respeito e atenção.
A ideias dele são inovadoras e ele vai direto ao ponto: há que se remover o homem do poder. É ele a causa de todo o sofrimento da bicharada. É ele que explora todo o trabalhos dos animais da fazenda, dos ovos da galinha ao leite da vaca, do esforço do cavalo à lã das ovelhas, dos prêmios nos concursos de porcos à carne de que se alimenta, dos produtos e dos filhotes que vende.
É o homem quem menos se esforça, que menos suor emprega e quem nada de sangue empenha. Entretanto, é o homem que de tudo usufrui.
É, então, o homem o inimigo. E são, então, todos os bichos aliados nesse luta.
Ainda nessa reunião,  porco determina que não pode haver concessões nem acomodamentos. Nenhum animal deve se deixar levar pelo estilo de vida do homem. Não devem eles jamais beber álcool ou fumar tabaco, ou viver dentro de casas, ou dormir em uma cama ou usar roupas. 
Assim começa essa revolução. É nítida a semelhança com outra revolução famosa, a Revolução Russa. E as semelhanças não param por aí...
Logo que os bichos passam a gerir a fazenda, são os porcos que se encarregam da liderança, dividindo tarefas, conduzindo os processos de aprendizagem — porque eles aprender a ler e desejam que todos os animais também aprendam — e dividindo os bens produzidos na fazenda.
Não é, então de surpreender que sejam os porcos que recebem as maiores fatias, as frutas mais frescas, o maior quinhão de leite; que tenham menos trabalhos, precisem fazer menos esforço e sempre liderem as discussões.
A cada capítulo, quanto mais a revolução se aprofunda, mais claras ficam as referências ao regime soviético, com sua ineficiência, sua corrupção e sua violência.

sábado, 16 de abril de 2016

Biografia Erico Verissimo

Ceta vez, um amigo comentou comigo a lástima que era o fato de não termos em nossa literatura autores realmente bons. Na época, eu apenas, pensei em quantas vezes Machado de Assis havia se revirado no túmulo ao ouvir isso. Tivesse eu, já naquela época, lido Erico Verissimo, saberia como corrigi-lo prontamente, pois este é sem dúvida um dos melhores escritores do mundo.
Gaúcho de Cruz Alta, Erico nasce em 17 de dezembro de 1905 e viveu longos (pelo menos para a época) 70 anos, antes de falecer em 28 de novembro de 1975, tendo enriquecido o mundo com mais de vinte livro, fruto de suas imaginação inigualável, memória louvável e viagens apaixonantes.
Erico teve a sorte de nascer em uma família abastada, mas o azar de ver a fortuna da família sumir por entre os dedos. Mais tarde, com sua escrita, teve a chande de reconstruir o patrimônio.
Na infância estudou nos melhores colégios, mas sofria de enfermidades. Na adolescência, leu os clássicos brasileiros e, ainda jovem, mal saído da puberdade, começou a trabalhar como balconista em um armazém.
Antes mesmo de seu casar, com 22 anos, publicou-se pela primeira vez. Do primeiro conto, em uma revista mensal, para os seguinte n'O Globo, foi um pulo: estava reconhecido o talento para as letras daquele gaúcho convicto.
Durante sua vida, viu popularizarem-se as ideias da esquerda e amargou dois regimes totalitários, o Estado Novo de seu conterrâneo Getúlio Vargas e a Ditadura Militar, essa última ele não teve tempo de ver findar. Vivendo em um período tão turbulento e sendo um homem pensante de posse de uma caneta, muitas vezes foi acusado de subversivo e de comunista.
Não obstante as críticas que possam levantar a seus posicionamentos e até à sua estilística, é inegável a contribuição que ele deixou na literatura nacional.

sábado, 9 de abril de 2016

A Estrada - Cormac McCarthy

Num futuro em que o planeta se encontra devastado, com as cidades em ruínas, as florestas transformadas em cinza, os céus turvos de fuligem e os mares estéreis; os poucos sobreviventes vagam em bandos.
Em meio a essa terra arrasada, um homem e seu filho caminham em direção à costa. Empurram um carrinho com seus poucos pertences, estão em farrapos e com os rostos cobertos por panos para se proteger da fuligem que preenche o ar e recobre a paisagem. Tentam fugir do frio, sem saber, no entanto, o que encontrarão no final da viagem. Mas essa jornada é a única coisa que pode mantê-los unidos, que pode lhes dar um pouco de força para continuar a sobreviver.
A Estrada é descrita pela crítica norte-americana como extremamente original e como uma obra prima da literatura americana contemporânea. No nosso contexto, é apena mais um livro mediano, tipicamente estatunidense alinhada com a nova vertente literária que propõe livros com ambientação pós-apocalíptica.
Entretanto, embora me pareça batida e bem conhecida, a história é narrada de uma força diferenciada, tentando fugir do lugar comum dos livros do século XXI. O caso é que o autor assume, então, uma narrativa psicológica, intimista, sem diálogos, com múltiplas quebras, um estilo que já vimos por aí e não gostamos.
Vale lembrar que a obra foi adaptada para o cinema e que a edição brasileira chega ás nossas mãos pela Alfaguara. Sobre isso, um ponto que me chamou a atenção foi que o exemplar que eu tenho — de segunda mão — é anterior à compra da Objetiva pela Penguin Random House (o maior grupo editorial do mundo), e apresenta um estilo de acabamento diferente do atual, menos luxuoso.

sábado, 2 de abril de 2016

Na Toca do Leão - Ken Follett

Ao contrário da maioria dos fãs, eu não comecei a ler Ken Follett por seus famosos thrillers de guerra e de espionagem, alicerce de sua fortuna e de seu sucesso literário pelo mundo. Invés disso, eu comecei por seus romances históricos, logo do lançamento de Queda de Gigantes, primeiro livro da trilogia O Século (concluída em 2014). Logo nos primeiros capítulos (de Queda de Gigantes), percebi que dedicaria algum tempo de minhas leituras com o autor. 
Assim, acompanhei as publicações dos livros da trilogia e li seu primeiro sucesso no gênero, Os Pilares da Terra, um de meus livros preferidos.
Já ha muito tempo tenho reservado para leitura cinco de seus thrillers iniciais, e a partir de agora, pretendo lê-los e comentá-los aqui.
A julgar por esse primeiro, também não pretendo comprar mais nenhum dos livros desse estilo, me concentrando apenas nos livros de ficção histórica do autor, de muito mais qualidade.
Na Toca do Leão é um livro que se situa geograficamente no Afeganistão (antes dos populares livros do Khaled Hosseini), temporalmente no período da Guerra Fria (revisitada pelo autor em Eternidade por um Fio) e mistura os ingredientes comuns de um romance de mistério: intrigas, ação, suspense e romance. Entretanto o resultado não agrada. Não prende o leitor.
A trama básica gira entorno de um triângulo amoroso entre Ellis, um agente secreto da CIA (americano), Jane, uma mulher francesa, e Jean-Pierre, um médico bonitão que esconde ser um agente da KGB (soviético).