quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Memórias Desmortas de Brás Cubas - Pedro Vieira

Há tempos eu estava à procura  deste livro para finalizar o que chamei de "série de clássicos revistos", como Dom Casmurro e os Discos Voadores, Senhora, a Bruxa e O Alienista Caçador de Mutantes. Foi muito bom tê-lo encontrado no Livros em Pauta, pois pude comprá-lo por um preço muito baixo. Do contrário seria uma lástima.
Decepcionante, é o primeiro adjetivo que associo ao livro. Na sequência, penso em enfadonho, mal escrito, clichê e outras palavrinhas menos educadas...
Para começar, diferentemente das outras revisões (citadas acima), este livro não se propõe a recontar a história original, mas a dar uma continuidade.
Não entendo isso como uma paródia...
O estilo do autor é pobre e imaturo; suas frases são mal construídas e repetitivas; enfim, ele envergonharia Machado!
Um exemplos do que ele considera boa escrita:
"Mencionei, nas Memórias anteriores, que antes de morrer trabalhei arduamente em meu emplasto [...] irei finalmente dar mais detalhes de como essa maravilha funciona [aqui ele se enrola, faz uma confusão e não diz nada, depois continua]. Ou seja, eu disse que iria finalmente dar detalhes, mas não dei. Menti. Isso que dá confiar tanto assim em um morto..."
Vieira também mistura personagens de outras obras machadianas (como A Cartomante e O Alienista). Talvez possam interpretar que isso cria a sugestão de que os personagens conviviam na imaginação do Imortal, mas, para mim, isso soa caótico e cheira a "forçação de barra".

sábado, 26 de outubro de 2013

Lucílola - José de Alencar

Alencar dá voz à Paulo Dias, que conta a história de seu relacionamento com uma mulher, explicando inicialmente que não o fizera de viva voz, e sim em forma de carta, em virtude de, na ocasião de uma visita a que alude, estar presente a neta da própria destinatária.
Logo após ter chegado ao RJ, Paulo foi convidado por um amigo, o sr. Sá, a acompanhá-lo à Festa da Glória, quando lhe atraíra a atenção uma jovem e bela mulher que, de início, não identificara como cortesã.
Lúcia era, assim, uma mundana de rara beleza e suave aspecto, que faziam parecer uma jovem inocente. Pelo menos, essa foi a impressão que levou Paulo a se apaixonar por ela.
Foi apresentado por Sá, que já fora seu amante. Mesmo sabendo disso, ele continuou a idealizá-la, sendo seu amigo por um tempo, antes de se tornar seu amante.
Paulo não a queria apenas como uma cortesã, famosa pelos requintes no amor, e sentia que ela também, na maneira de tratá-lo, nos seus silêncios, nos seus beijos e carícias, o amava realmente.
Viveram juntos uma relação alternada entre brigas e reconciliações, em que Lúcia, por vezes, voltava a seu ofício.
Lúcia contava-lhe, aos poucos, a sua história, de sua família, que viera morar na Corte e viviam dignamente, até que a epidemia de febre amarela levou a todos, restando apenas ela. Assim foi que, por necessidade, entregou o seu corpo a um ricaço de nome Couto, para conseguir ajuda. Depois disso, o caminho estava aberto à prostituição.
Após tal confissão, de que resultou um perfeito entendimento entre os dois, Lúcia foi morar numa casinha de Santa Teresa, que alugara, em companhia da irmã. Afastou-se da vida mundana para receber apenas a visita de Paulo.
O final, trágico, como não poderia deixar de ser, fica para você descobri...

sábado, 19 de outubro de 2013

Quando o Amor Tranpõe o Oceano - Winifred Ethel Netto

Comprei esse livro no metrô.
Eu já havia lido algo sobre essa campanha de incentivo à leitura do Ministério da Cultura com patrocínio da Oi.
Veja aqui um pouco mais sobre a campanha, que já vendeu mais de um milhão de exemplares.
O livro é uma autobiografia de Winifred Ethel Netto, nascida na Ilha de Santa Helena (de possessão britânica) e casada com um brasileiro. É impossível deixar de falar sobre a história da ilha, reconhecida historicamente por ter sido a ultima morado do imperador francês Napoleão Bonaparte, exilado lá após perder a famosa batalha de Waterloo.
Ela começa a narrativa contando parte da trajetória de seus antepassados para entendermos o contexto de sua família. 
Quando ela conhece Oswaldo Netto, se apaixonam imediatamente e se casam em pouquíssimo tempo, iniciando um período de intensa mudança de endereços e passando por vários países.
Ela vai descrevendo as dificuldades enfrentadas no início da vida à dois, como a falta de apoio das famílias, a diferença linguístico-cultural entre o casal e os percalços de viver em um país diferente.
Outro ponto que fica claro sobre a vida da família (que não para de crescer) é a intensa vontade de viver, de se superar, de progredir.
Foi uma grata surpresa encontrar nesse livro, que seria apenas uma lembrança de viagem, uma leitura extremamente agradável e fluida.

Biografia de H. P. Lovecraft

Howard Phillips Lovecraft nasceu em Providence, Rhode Island, em 20 de Agosto de 1890. Ele foi um escritor norte-americano celebrizado por obras de fantasia e terror, marcadamente gótico, sempre permeados por ficção científica.
Lovecraft foi o único filho de Winfield Scott Lovecraft, negociante de jóias e metais preciosos, e Sarah Susan Phillips, vinda de uma família notória que podia traçar suas origens diretamente aos primeiros colonizadores americanos. Quando H. P. tinhas três anos, seu pai sofreu uma aguda crise nervosa que deixou sequelas profundas, obrigando-o a passar o resto de sua vida em clínicas de repouso, deixando-o para ser criado pela mãe, por duas tias, e por seu avô paterno.
Lovecraft era um jovem prodígio que recitava poesia aos dois anos e já escrevia seus próprios poemas aos seis. Seu avô encorajou os hábitos de leitura, tendo arranjado para ele versões infantis da Ilíada e da Odisseia, de Homero, e introduzindo-o à literatura de terror, ao apresentar-lhe clássicas histórias de terror gótico. Também fora uma criança constantemente doente, segundo consta, ele sofria de poiquilotermia, uma raríssima doença que fazia com que sua pele fosse sempre gelada ao toque. Devido aos seus problemas de saúde, ele frequentou a escola apenas esporadicamente.
O seu avô morreu em 1904, o que levou a família a um estado de pobreza, devido à incapacidade das filhas de gerirem os seus bens. Foram obrigados a mudar-se para acomodações muito menores e insalubres, o que prejudicou ainda mais a já débil saúde de Lovecraft. Em 1908, ele sofreu um colapso nervoso, acontecimento que o impediu de receber seu diploma de graduação no ensino médio e, consequentemente, complicou sua entrada numa universidade. Esse fracasso pessoal marcaria Lovecraft pelo resto dos seus dias.
Nos seus dias de juventude, Lovecraft dedicou-se a escrever poesia, mergulhando na ficção de terror apenas a partir de 1917, publicando em 1923 seu primeiro trabalho, dois anos após a morte da mãe.
Durante o período em que trabalhou como, conheceu a judia ucraniana Sonia Greene, com quem viria ter um breve matrimônio, sendo o período imediatamente após seu divórcio foi o mais prolífico de Lovecraft, no qual ele se correspondia com vários escritores estreantes de horror, ficção e aventura. Entre eles, seu mais ávido correspondente era Robert E. Howard, criador de Conan o Bárbaro. Algumas das suas mais extensas obras, Nas Montanhas da Loucura e O Caso de Charles Dexter Ward - seu único romance -, foram escritas nessa época.
Sua vida é marcada por uma certa lugubridade, com os anos, enquanto o cancro no intestino (a doença que o mataria) progredia, ele foi abalado pelas mortes de suas tias e o suicídio  de seu amigo Robert E. Howard. No final, Lovecraft suportou dores sempre crescentes, até que em 10 de Março de 1937 se viu obrigado a internar-se no Hospital Memorial Jane Brown, onde morreria cinco dias depois, aos 46 anos de idade.
O princípio orientador literário de Lovecraft era o que ele chamava de  "terror cósmico", a ideia de que a vida é incompreensível à mente humana e que o universo é fundamentalmente alienígena. Lovecraft desenvolveu um culto baseado em Cthulhu Mythos, uma série de ficção vagamente interligada com um panteão de entidades anti-humanas, assim como o Necronomicon, um Grimório fictício de ritos mágicos e sabedoria proibida.
Era assumidamente conservador e anglófilo, sendo por isso habituais no seu estilo os arcaísmos e a utilização de vocabulário e ortografia marcadamente britânicos; talvez por isso, durante a sua vida teve um número relativamente pequeno de leitores, que só cresceu com o tempo, marcando-o como um dos escritores de terror mais influentes do século XX.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A Morte do Outros - João Cabral de Melo Neto


A morte alheia tem anedota
que prende o morto ao dia-a-dia,
que ainda o obriga a estar conosco
já morto, ainda aniversaria.

Só que não vamos pelo morto:
Queremos ver a companheira,
a mulher com que agora vive;
comprá-la, de alguma maneira.

Dizer-lhe: do marido de hoje
mais do que amigos fomos manos;
para que, amiga, salte um nome
de seu preciso livro Quandos.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

EVENTO LITERÁRIO GRATUITO SOBRE MERCADO EDITORIAL + Lançamento de livros

Terceira edição do Livros em Pauta – Encontro de Leitores com Escritores e Outros Profissionais do Livro acontece dia 19 de outubro de 2013.
Direitos autorais, crítica literária, marketing do livro, agenciamento literário, crowdfunding, divulgação, lançamentos... Estas e outras etapas da produção editorial serão apresentadas e debatidas na terceira edição do Livros em Pauta – Encontro de Leitores com Escritores e Outros Profissionais do Livro, que acontece em São Paulo no próximo sábado, dia 19 de outubro, na Faculdade Estácio – Campus Jabaquara.
As palestras, debates e mesas-redondas com profissionais ligados à indústria do livro são gratuitas e acontecem em sete salas (com entre 50 e 80 lugares) e um auditório (com 180 lugares). Não há necessidade de senhas para participação. Mas é preciso fica atento à lotação das salas (veja programação abaixo).
Paralelamente às palestras nas salas e auditório, haverá uma feira de livros a preços populares no saguão da faculdade, com a presença de vários autores. “O Livros em Pauta nasceu para difundir não só a produção literária, mas também o hábito da leitura. Teremos livros que custarão a partir de R$ 4,90”, explica o criador e organizador do evento, o escritor Edson Rossatto. A expectativa da organização é receber cerca de 1100 pessoas, entre leitores, escritores amadores e outros profissionais do livro.
Outras atrações incluem um plantão de tira-dúvidas sobre o mercado editorial, networking de profissionais do livro e o encontro aberto do grupo Traçando Livros, que se reúne mensalmente para discutir uma obra previamente escolhida. Para o evento, o livro será “Fahrenheit 451?, de Ray Bradbury.  Mas o organizador chama a atenção para uma atividade em especial. "Na atividade pitching, o escritor que tiver uma história na gaveta esperando para ser publicada poderá ter esse seu sonho realizado. Colocaremos escritor e editor numa mesma sala para discutirem sobre a trama. Se o escritor conseguir convencer o editor de que sua história é boa mesmo, o autor poderá sair do evento com seu livro já engatilhado para publicação", explica Rossatto.
PROGRAMAÇÃO

19 de outubro de 2013 (Sábado)

Todas as atividades fornecerão certificado 10:30 até 12:30
  11:00 até 12:30
  13:00 até 15:00
  15:30 até 17:30
  15:30 até 19:00
  17:30 até 19:00
SERVIÇO
LIVROS EM PAUTA (3ª EDIÇÃO) – ENCONTRO DE LEITORES COM ESCRITORES E OUTROS PROFISSIONAIS DO LIVRO Data:19 de outubro de 2013 Horário: das 10h às 20h Entrada: Gratuita Local: Faculdade Estácio UniRadial (Campus Jabaquara) Av Jabaquara, 1870 Saúde – São Paulo – SP (a apenas dois quarteirões da estação Saúde do metrô) Informações: (11) 96731-6191 (11) 98217-619 www.livrosempauta.com.br www.livrosempauta.com.br Organização: Edson Rossatto Patrocínio: Andross Editora, Viena Gráfica e Editora, Facúldade Estácio UniRadial, Weduction Apoio: Livrus Editora, Rafael Victor

MAIS INFORMAÇÕES PARA A IMPRENSA:
Cesar Mancini (11) 96731-6191 (11) 98217-6191 (11) 2943-7687 editor@andross.com.br

sábado, 12 de outubro de 2013

Cassino Royale - Ian Fleming

Rapidamente retornei ao universo de James Bond. Desta vez pelo início...
Sensivelmente mais fraco que Moscou Contra 007 (que eu li primeiro), tem progressão pouco natural e narrativa defeituosa, mas a frase final vale pelo livro todo; mas a história contada por esse primeiro livro ajuda a entender melhor a personalidade de Bond.
Ele acaba de ser promovido a 00 e recebe a sua primeira missão com a licença para matar. O caso trata-se de desbancar Le Chiffre, o falido tesoureiro de um sindicato controlado pela Smersh (a agência de contraespionagem da URSS), em um jogo de altas apostas, chamado bacará, no Casino Royale-Les-Eaux, no norte da França.
Para auxiliá-lo nessa missão, a Inglaterra envia Vesper Lynd, a CIA envia Feliz Leiter e o Deuxième Bureau envia René Mathis.
A tarefa de Bond é vencer Le Chiffre no seu jogo e deixá-lo totalmente sem dinheiro, para que a própria Smersh termine o serviço. A cena do jogo é muito interessante, porém por sua característica de clímax, ela fica meio deslocada por estar no meio do livro.
Seja como for, não é uma leitura da qual eu me arrependa.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Diva - José de Alencar

Diva, um dos mais famosos romances romances de José de Alencar, foi publicado em 1864;  e, ao contrário do que muitos pensam, não é uma continuação de Lucíola, que se encerra na própria obra.
O que liga as duas obras é um detalhe curioso, a amizade entre o narrador de Lucíola, Paulo, e o narrador de Diva, Amaral.
O livro é composto por cartas que Amaral teria enviado a Paulo, como confissões a um amigo (outra semelhança!).
 Diva narra a história de Emília Duarte, contada pelo homem que a ama, Augusto Amaral.
Emília é uma adolescente muito retraída, que tem aversão a ser tocada por estranhos. Uma enfermidade a leva quase à morte. É chamado um médico recém-formado, o Dr. Augusto Amaral.
Augusto dedica-se a Emília, mas ela se recusa a ser tocada e não o deixa sequer entrar no quarto. Apesar de tudo, Augusto consegue salvar a moça, o que faz com que ela o odeie, temendo que ele exija sua amizade como recompensa.
Seguem-se várias discussões e brigas entre os dois, onde se revela o caráter de Emília, extremamente instável e voluntariosa. Augusto acaba apaixonando-se por Emília, mas as atitudes dela são tão incertas que acabam por levá-lo ao desespero.
Ao final tudo se reequilibra e termina bem, quando Emília revela seu amor pelo médico.

sábado, 5 de outubro de 2013

A Dama das Camélias - Alexandre Dumas (filho)

Sempre associei este livro a uma certa libertinagem, mesmo antes de saber que se tratava da história de uma cortesã, pois lembrava me de um colega que que dizia às nossas colegas de escola que era o único livro que ele gostava, e o dizia com o mesmo olhar malicioso que usava para falar dos garotos com que se envolvia.
Mas a leitura me surpreendeu muito, não só pela abordagem romântica do livro (chamado até de hino ao amor), mas pela fluidez e clareza da narrativa, incomum tanto nos escritos do século XIX quanto na literatura francesa.
Trata-se da história de Marguerite Gautier, uma cortesã (espécie de prostituta de luxo) parisiense que ganhara a alcunha de A Dama das Camélias por sempre ir ao teatro com um buquê destas flores, ou brancas ou vermelhas; já começamos com a personagem central morta, vítima de tuberculose. O narrador diz que tomou conhecimento da história de Marguerite através de um de seus amantes, Armand Duval, que regressara à Paris ao saber de seu falecimento.
Marguerite era parcialmente sustentada por um velho duque, que via nela sua falecida filha revivida. Porém, mesmo com esse patrocínio ela não deixava de receber a visita de outros cavalheiros. Um desses era Monsieur Duval; o diferencial é que ela se apaixona por ele, tal como ele por ela. O amor faz com que ela abandone a vida que levava (incluindo o duque) e passasse a viver como Madame Duval.
Toda a relação é permeada por várias brigas do casal, causada pelos ciúmes de Armand e pelo gênio de Marguerite.
De um modo geral é uma história triste. Mas é também um clássico da literatura mundial, imperdível.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Os Pólos do Branco (ou do Negro) - João Cabral de Melo Neto

O branco não é uma cor:
é o que o carvão revela,
o carvão tão branco, apesar
do negro com que opera.
Talvez o branco seja apenas
forma de ser, ou seja
a forma de ser que só o pode
na mais dura pureza.
E embora negro e branco sempre
nos opostos se vejam,
a instabilidade dos dois
é de igual natureza:
ambos têm a limitação
(se pólos na aparência)
glandular, de só conseguirem
viver na intransigência.