sábado, 26 de março de 2016

O Astronauta sem Regime - Jô Soares

Sou grande fã de Jô Soares. Já havia lido todos os seus livros de sucesso, procuro assistir ao seu programa todos os dias, gosto muito de seus textos e de suas sacadas.
No entanto, ainda não tinha tido a oportunidade de ler sua primeira publicação, a coletânea de contos, poesias e crônicas humorísticas O Astronauta sem Regime, lança em 1985. Na verdade, o livro não fez grande sucesso e hoje está esgotado sem perspectiva de relançamento, só sendo encontrado em sebos e velhas bibliotecas, dificilmente em bom estado. O meu mesmo, foi adquirido em um sebo de São Paulo, e apesar de ter saído por um bom preço, está relativamente bem conservado, e é em capa dura (um bom hábito que vem se perdendo nas últimas décadas).
O livro não me surpreendeu muito, ficará como um adorno em minhas estantes, mas eu seleciono para esse comentário uma face do livro que me parece ter sido pouco divulgada. Como eu disse, o livro é composto basicamente por contos, poemas e crônicas de humor, entretanto, alguns dos textos são fechado por frases não relacionadas ao seu tema, mas que refletem com clareza o senso humor de seu autor. Ei-las:


  • Com tanto astronauta, é normal que a Lua um dia fique cheia.
  • Perdeu a memória e não conseguiu se lembrar onde.
  • As melhores coisas da vida não custam nada. Você só paga as embalagens.
  • Era fundo como um poço, mas vazio.
  • Se alguém o chamar de cachorro, não ligue. Ladre.
  • Tão distraído que contratou um detetive particular para saber por onde andava.
  • O cemitério de elefantes é um lugar tão difícil de encontrar como onde se reúnem os motoristas de praça quando chove.
  • Pode-se usar um transatlântico no Pacífico?
  • Só escrevia para seu pai em estilo telegráfico: S.O.S. S.O.S. S.O.S.
  • Especializou-se em generalidades.
  • Tão insignificante que seu nome era Psiu.
  • Todos os tesouros da Terra não valem nada quando não são nossos.
  • O enterro do mau-caráter foi muito concorrido. Todos queriam saber se ele tinha morrido mesmo.
  • "Vá ver se eu estou na esquina", disse o mágico. Foram, e ele estava.
  • O livro tinha princípio, meio e fim. Mas não nessa ordem.
  • A coincidência é uma coisa tão incrível que nunca pode ser mera.
  • Tinha uma memória fotográfica. Só se lembrava de fotografias.
  • Se mais depressa se pega um mentiroso do que um coxo, muito mais depressa ainda se pega um mentiroso coxo.
  • Sua beleza falava por si. Só que ninguém escutava.
  • Era tão velho que conseguiu chegar à posteridade ainda com vida.
  • Para o octogenário, um dia já é calendário.
  • Era tão indeciso que conseguia chegar às oito em ponto mais ou menos.
  • Ser ou não ser o quê, Hamlet?
  • De cada cinco meninos que nascem, um é chinês. A não ser na China, onde os são cinco são chineses.
  • Tem uma coisa que não se comprar com o dinheiro: pobreza.
  • Depois do caso Watergate, ficou claro que os Estados Unidos são realmente um tipo de sociedade e que tudo se sabe.
  • A grande vantagem do duelo é que não existe mais.
  • Eu acho o papel do Yes muito positivo.

sábado, 19 de março de 2016

Belo Desastre - Jamie McGuire


Jamie McGuire conta uma história cheia de esteriótipos às avessas. Como personagens centrais, temos Abby Abernathy, a típica boa moça americana, universitária, discretamente bonita e boa amiga que nem fala palavrão, mas que esconde um segredo sobre o seu passado e sua família; e Travis Maddox, clássico bad boy, fodão, pegador, bom de briga, que na verdade é um estudante dedicado, um amigo sincero e um homem gentil.
Travis passa as noites ganhando seu dinheiro em um clube de lutas e no dia a dia, seduz as garotas da faculdade para uma transe de uma vez apenas, com um cordial até nunca no final. Tudo que Abby prefere evitar.
Ele fica intrigado por ela resistir a seu charme, se aproxima dela e eles acabam entrando em uma aposta: se ele perder, deverá ficar sem sexo por um mês; se ela perder, deverá morar o apartamento dele pelo mesmo período.
A sinopse adverte que Travis finalmente encontrou uma adversária à altura, mas a meu ver os personagens se equiparam em loucura e irracionalidade, e só podem competir com a autora.
Não me entendam mal, o livro não é ruim, só não vale a pena ser lido.
A narrativa é fluente, a linguagem é boa e há um imenso apelo sexual dirigido ao público alvo, meninas adolescentes. Acontece é que a trama é fraca, muito fraca. O livro se vende como um grande mistério, e segue até o fim como se houvesse algo por ser revelado, o resultado é que você termina de ler sem se surpreender.

quarta-feira, 16 de março de 2016

"Querida, encolhi as crianças!", será que rola?


O sucesso da década de 1980, uma clássico da Sessão da Tarde, lembrança de infância de milhares de brasileiros, conta a história de um cientista que encolhe os filhos e os jovens vizinhos. Entretanto, seriam as cenas hilárias do filme possíveis? Carregar crianças encolhidas na mão, ou no bolso?

Com o que sabemos de físico-química subatômica hoje, eles manteriam a mesma massa.
Como o átomo é basicamente espaço vazio, seria possível a compressão da eletrosfera
e a diminuição do raio atômico a milionésimos do tamanho natural, embora isso resultasse em uma alteração do equilíbrio eletrostático que impossibilitaria a manutenção da estrutura molecular.
Como a massa do elétron é desprezível, toda a massa atômica se concentra no minúsculo núcleo, assim, não haveria nenhuma alteração no "peso".
Por outro lado, a questão de carregar na mão, é ainda mais complicado. Lembra que pressão é massa dividido por área? Se a massa é a mesma, mas a área diminuiu muito, a pressão que o corpo exerce sobre as superfícies aumentaria na mesma proporção. Seria como sustentar uma pessoa de pé sobre uma agulha em cima da sua mão, não somente você não teria força, mas aquilo ia furar e atravessar a sua mão.
E mais.
Nos EUA praticamente todas as casas são feitas de madeira, mesmo tendo dois andares. Essas agulhas super pesadas também não seriam suportadas pela madeira, e furariam o piso caindo no térreo ou no porão. Afundariam na terra do quintal ou furariam o assoalho dos carros... Bolsos, bolsas e mochilas então...
Voltando ao equilíbrio eletrostático, ele poderia ser mantido se considerarmos que são mantidas as proporções subatômicas
Tipo, o já minúsculo núcleo atômico teria de ser diminuído também
Ai dava pra manter a ordem molecular
Qualquer alteração que mexesse na massa do átomo, mudaria as propriedades da matéria, não haveria ligações químicas, e seriam outras as propriedades da matéria...

Já com bebê que é ampliado, ocorreria o contrário, ele seria tão pouco denso que flutuaria com o primeiro vento.

sábado, 12 de março de 2016

Starters - Lissa Price

Houve uma guerra de proporções nuca vistas. Armas terríveis foram usadas, entre elas uma arma biológica conhecida como guerra de esporos. O programa de imunização da população teve início com os mais vulneráveis: jovens com menos de vinte anos e idosos com mais de sessenta. Antes de que a camada intermediária recebesse a vacina, veio o ataque e todos que não receberam o tratamento morreram.
Assim, no pós-guerra, somos apresentadas a um mundo em que os jovens, starters, são pobres e perseguidos, e os anosos, enders, são ricos e dominantes.
Dada a alta tecnologia, a noção de que estamos no futuro e a áspera e injusta organização da sociedade, podemos tratar essa série como uma distopia, estilo que já abordamos em Admirável Mundo Novo (Aldous Huxley) e A Passagem (Justin Cronin), e que se assemelha às distopias adolescentes de Scott Westerfeld (FeiosPerfeitosEspeciais; Extras).
Callie é umas das sobreviventes. Órfã, tem que cuidar de seu irmão mais novo, portador de uma rara doença respiratória, enquanto luta para sobreviver, junto com os outros adolescentes, buscando comida, dinheiro e água limpa enquanto foge das autoridades que querem aprisioná-los.
Para conseguir uma renda extra ela se submete a um trabalho marginal: alugar o seu corpo para ser habitado pela mende de um ender. 

sábado, 5 de março de 2016

Goldfinger – Ian Fleming


Já mencionei o quanto gosto das histórias do espião mais famoso do mundo. Embora já tenha assistido aos filmes, considero muito agradável a leitura dos livros originais. Esse livro foi filmado em 1964, então muito não o viram, mas a história é uma das melhores. Antes de ir à ela, porém, chamo a atenção para a música tema do filme, Goldfinger, interpretada por dame Shirley Bassey, a única cantora a interpretar três temas da franquia 007.
A história, como as demais, se passa no contexto da Guerra Fria, e Auric Goldfinger, um agente a mando da Rússia, age no ocidente levantando fundos para a SMERSH (a unidade de contra-inteligência e espionagem soviética). Suas operações têm como característica envolverem ouro contrabandeado.
Em suas investigações, o MI6 (agencia britânica de espionagem) se depara com um enorme conspiração para roubas reservas de ouro dos Estados Unidos. Em terras americanas, Bond encontra Goldfinger. O vilão está jogando Gin Rummy (um jogo de baralho semelhante ao buraco) e “raspando” todo o dinheiro daqueles que se aventuram a jogar com ele. Nesse primeiro contato, Bom descobre o sofisticado esquema de trapaça utilizado por seu inimigo e o derrota em seu próprio jogo.
Só até aí a trama já é ótima, mas, de volta à Inglaterra, 007 e deve continuar sua missão até jogar por terra todo o esquema de Goldfinger, prendê-lo ou matá-lo.

Foi o primeiro livro da série 007 editado pela Alfaguara que eu li. Comparando com os outros (cada um de uma editora diferente) essa é de longe a de maior qualidade.