Conheci a obra de Ursula Le Guin em meados do ano passado, com o lançamento de Os Despossuídos (um livro realmente maravilhoso). Foi paixão à primeira leitura. Nesse livro a autora consegue construir uma trama de ficção científica baseada em conceitos físicos relacionados com a Teoria da Relatividade, mesclado com filosofia taoista, anarquismo e uma análise sociológica sobre o machismo.
Em A Mão Esquerda da Escuridão a autora faz algo semelhante e, ao mesmo tempo, incomparável.
A história se passa em um futuro em que a humanidade se espalhou por diversos planetas e sistemas da universo. Um sistema de propulsão permite viagens em velocidades próximas à da luz e foi criado um sistema de regulação de comércio e troca de informações semelhante ao modelo da ONU chamado Ekumem.
Um emissário do Ekumen foi ao planeta Gethem, conhecido como Inverno por ainda estar em uma profunda Era Glacial, para tentar convencer os resistentes governos locais a aderir à comunidade galática. Entre os desafios enfrentados pelo emissário Genly Ai é a fisiologia dos habitantes desse planeta. Embora descendam dos mesmos humanos que colonizaram todos os demais planetas, eles evoluíram de forma a praticamente eliminar a distinção sexual. Durante quase todo o tempo eles são hermafroditas e não manifestam fenótipo masculino ou feminino. A exceção ocorre apenas no período fértil, em que cada indivíduo. Nesse período eles podem manifestar como machos ou fêmeas, conforme o estímulo ambiente; e podem se comportar com um dos sexos em um período e com o outro num período seguinte.
O livo é permeado por camadas em que se imbricam sociologia, filosofia, ciência, aventura e trama política, criando uma narrativa ímpar na literatura mundial.
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