Quando li As Crônicas de Artur me chamou a atenção o
cuidado historiográfico tomado por Cornwell ao recompor a história do herói
britânico. Porém, tal fidelidade aos fatos acabou por excluir da lenda arturiana
a corrida pelo Graal. Na mesma época eu me consolei ao encontrar outra trilogia
em que o autor se dedica ao mito do Santo Graal. A trilogia é composta pelos livros O Arqueiro, O Andarilho e O Herege.
Porém, lamento dizer que essa série, assim com o romance
independente Stonehenge, não faz jus ao gênio narrativo do autor inglês,
figurando apenas como coadjuvante em meio à sua vasta gama de títulos
publicados.
A trilogia não se restringe à aventura do Graal, mas
também lança luz à Guerra dos Cem Anos, contando a história de Thomas de
Hookton, filho de um padre que vive em uma aldeia no sul da Inglaterra.
Thomas, um jovem de 18 anos, se vê impelido para fora de
casa ao ver o pai morrer em seus braços. Em busca de vingança, e na tentativa
de recuperar uma relíquia que o pai guardava, a lança de São Jorge, ele se
junta ao exército inglês em campanha na França. Seu objetivo é alcançar O
Arlequim, o responsável pela morte de seu pai.
A seu favor, Thomas tem a habilidade com o arco longo,
uma arma que só é dominada pelos guerreiros ingleses e que desequilibra a
batalha pela coroa da frança, uma vez que um pequeno contingente de arqueiros
pode barrar o avanço de uma grande tropa de infantaria ou de cavalaria.
No meio da guerra, nosso arqueiro se vê envolvido numa
trama muito maior do que apenas vingar ao pai. Ele começa a desencavar verdades
sobre a própria família, membros da nobreza francesa proscritos por liderarem
um levante contra a monarquia e a Igreja, mas que tinham em sua posse o Santo
Graal.
Pela lenda vigente, o Graal teria sido ou o cálice usado
por Jesus para compartilhar o vinho na última ceia, ou a cuia usada pra
recolher seu sangue, quando ele já estava pregado na cruz. De qualquer forma,
seria a relíquea mais sagrada no cristianismo. No final do terceiro livro,
Cornwell propõe uma interpretação para o Graal. Outra interpretação pode ser
encontrada no livro O Código Da Vinci, de Dan Brown.
A série tem também um apêndice, um livro extra, 1356, que eu vou ler em breve.
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