Ganhei, há pouco tempo, alguns livros do prolífico autor
italiano Andrea Camilleri, e comecei a ler Pensão Eva sem a menor pretensão,
mas acabei me surpreendendo amarrado à narrativa.
A Pensão Eva era uma casa de divertimento masculino nos
anos 1930, em Vigàta, na Itália. Segundo o autor, a pensão realmente existiu, mas,
embora ele tenha dado ao personagem principal seu apelido de infância, o livro
não chega a ser autobiográfico.
Na história, Nenè, um garoto de 12 anos, descobre junto
com os amigos o que acontece na enigmática Pensão Eva, que só é freqüentada pelos
homens da cidade, sendo as únicas mulheres no recinto as que trabalham lá.
Eles também sabiam que o lugar era muito querido pelos freqüentadores,
mas pouco mencionado pela cidade, que as mulheres evitavam o assunto, mas que
os adolescentes não o tiravam da cabeça.
Nenè aprende a vida adulta entre as paredes da pensão.
Segundo o autor, é lá que ele vai sentir, pela primeira vez, o perfume de
canela, noz-moscada e laranja das meninas.
Entretanto, há mais no livro do que as primeiras experiências
de um garoto em um bordel. O plano de fundo é a Segunda Guerra que se avizinha,
o fascismo que se ergue, a turbulência que se anuncia.
O fato é que Camilleri é um grande escritor. Outra obra sua que eu recomendo, embora não vá postar aqui, é Por uma Linha Telefônica, ambientado na mesma região da Itália, mas com um contexto diferente, com um estilo narrativo muito diverso (trata-se de um romance epistolar), porém com a mesma qualidade.
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