Stephen King adora escrever sobre si mesmo. Muitos de seus personagens são construídos a partir de experiências vividas por ele, como deixar de fumar ou beber, lecionar, trabalhar em uma lavanderia, etc. A experiência pela qual passa o personagem deste livro, tenho certeza, ele preferiria evitar.
Paul Sheldon é um romancista famoso e bem sucedido. Seu problema é que ele odeia a personagem que lhe garante o sustento. Trata-se de Misery Chastain, uma heroína vitoriana cafona e demodé, que arrebentas nas vendas em brochura. Tudo na vida de Paul ia bem depois de ele conseguir matar a personagem. Ele até já havia finalizado um outro livro, sem todo o clichê da série Misery.
Mas aí ele sofre o acidente de carro durante uma tempestade de neve.
Quem o encontra é a ex-enfermeira Annie Wilkes, louca de pedra é Fã Número um de Misery, e por extensão, de Paul Sheldon.
Annie o arrasta para o próprio carro, leva até sua casa e o medica com uma droga a base de codeína.
Durante a penosa recuperação de Paul, ele se dá conta de alguns fatos que montam um cenário assustador: Annie é completamente louca; ele está viciado em analgésicos; eles estão isolados no campo durante uma sequência de tempestades de neve; Annie ainda não sabe que Misery morre no final do último livro; ela está lendo este livro.
À medida em que ganha mais poder sobre Paul, Annie demonstra ser altamente irritável, violenta e instável. Ela dá um showzinho particularmente convincente na manhã em que descobre o trágico fim de sua heroína literária.
Sua próxima jogada é previsível, ela tortura o escritor para que ele cria só para ela um livro em que Misery retorna dos mortos. O legal é descobrir os níveis de tortura que ela emprega, as estratégias de Paul para se livrar dela e se ele realmente consegue sair dessa.
Um detalhe é que, embora eu não tenha visto o filme e a descrição dos personagens seja um pouco diferente, eu não consigo deixar de imaginar Annie como uma Kathy Bates sádica e nefasta e Paul como um Stephen King mais jovem e atormentado.
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