sábado, 25 de junho de 2016

O Incendio - Jörg Friedrich

Sempre que lemos sobre a destruição causada pela Segunda Guerra Mundial, pensamos, em termos arquitetônicos, em Hiroshima e Nagasaki, destruídas pelas bombas atômicas americanas e em Londres, devastada até o limite máximo pela Luftwaffe, a força aérea alemã; em termos humanos, pensamos no holocausto judeu, e nos campos de concentração nazistas.
Entretanto, temos que lembrar duas coisas: primeiro, que a Alemanha também teve seu território atacado desde o começo da guerra, e segundo, nem toda a população alemã era conivente com o esforço de guerra e, muito menos, com o nazismo. Apesar disso, civis ou militares, aguentaram, como ocorria na França e na Inglaterra, a imensa carga dos adversários.
Nesse livro, o escritor alemão Jörg Friedrich mostra ao mundo um pedaço da Grande Guerra que é esquecido, talvez porque seria de péssimo tom sentir pena dos nazistas.
Jörg embasa seu texto e uma vasta variedade de documentos e pesquisa históricas, e dedica mais de quinze páginas apenas para listas as referências que usou.
Ele revela táticas, fatos, impressões, medos, cicatrizes e lições deixadas pela guerra no território comumente considerado como o absoluto agressor.

Em suas quase seiscentas páginas, o livro mostra uma realidade que o mundo preferiu esquecer, a de que a guerra é cruel para vencidos e vencedores. Mas, sempre que penso na quantidade de vidas perdidas nos confrontos e bombardeios da Segunda Guerra e no horror dos bombardeios nucleares, me acalenta pensar que se foi preço necessário para por fim ao nazismo, foram vidas bem investidas.

sábado, 18 de junho de 2016

Viva e deixe Morrer - Ian Fleming

Bond, James Bond.
Quem nunca se divertiu com um bom filme de espionagem? Com um herói como Bond, todo Deus ex Machina e tal, fica ainda melhor, não importa o clichê.
Nos livros, temos todos esses benefícios, e mais a escrita despretensiosa de Ian Fleming, sempre direto ao ponto.
Este é o segundo livro escrito pelo autor, sucedendo diretamente a missão de Royale para James Bond.
Na história, Solitaire (porque sempre temos uma Bond girl) é uma mulher linda e insinuante, capaz de ler o futuro no rosto de uma pessoa. Ela é mantida cativa por Mr. Big, um imenso gângster negro do Harlem, cujos negócios ilegais se estendem ao contrabando de tesouros antigos e ao fornecimento de verbas à SMERSH a unidade de contra espionagem da União Soviética, o braço mais letal do Comunismo.
Bond recebe a missão do MI6 depois da agência de inteligência britânica por as mãos em moedas contrabandeadas e disfarçadas como sendo parte do butim de um antigo pirata. A investigação preliminar ligou os contrabandistas aos agentes soviéticos por meio de Mr. Big, em parceria com o FBI e a CIA
Ao viajar ao reduto do jazz em Nova Iorque, aos Everglades na Flórida e ao Caribe, Bond se verá enredado pelos encantos de Solitaire, e pela violência e sordidez desse gênio do crime, que controla seus fiéis capangas não só pela força, mas também pela ameaça da magia negra. 
Não apenas Bond apresenta características de Deus ex Machina, Mr. Big e vários outros vilões típicos da série 007 parecem estar sempre um passo à frente, ter sempre uma carta na manga e a capacidade de chocar por sua crueldade a cada nova cena.
Viva e deixe Viver é, com certeza, uma de suas melhores aventuras.

sábado, 11 de junho de 2016

Anna Kariênina - Liev Tolstói


"Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira."
Esta é uma das aberturas de livro mais famosas de todas. A história que a segue também é bem conhecida, embora poucos a tenham lido.
Os romances russos têm fama de terem infindáveis personagens, esta não foge à regra. A edição que eu tenho vem com uma lista de mais de 200 personagens, sendo oito os centrais e dois os principais. Há que se fazer justiça, pois a trama é rica e coesa, amarrando bem as histórias dos personagens; sem contar que há espaço nas mais de oitocentas páginas para tanta história.
Falando no número de páginas, me chamou a atenção que se passam mais de setenta até que entrasse em cena a personagem que dá nome ao livro.

A famosa abertura se refere ao livro todo, mas no primeiro capítulo, ela se refere a Stiepan Arcáditch Oblónski um nobre moscovita semifalido. Stiepan Arcáditch é, como muitos dos nobres da Rússia Czarista, funcionário público, tendo conseguido seu cargo por indicação; ele também é uma celebridade em Moscou, conhecido por todos, parente da maioria da fina nata da sociedade; mais de uma vez o autor descreve cenas em que o personagem é recebido por sorrisos e cumprimentos efusivos de todos, onde quer que vá. Ele só está em maus lençóis em casa, onde sua esposa, Dária (Dolly) Aleksandróvna, acaba de descobrir sua infidelidade com a governanta.
Em meio a toda essa confusão conjugal, Anna Arcádievna Kariênina, irmã de Stiepan, chega de São Petersburgo para visitar a família do irmão. Sua chega é providencial, pois ela vem para acalmar a cunhada e convencê-la a voltar a conversar com o marido.
Ainda antes de voltar para casa, Anna frequenta a casa dos pais de Dolly, os Cherbátsky, onde fica muito amiga de Kitty, as irmã mais nova da cunhada. De carona com os dramas de Kitty, vemos a trama se adensar: ela é uma jovem casadoura, e, portanto, vive cercada de pretendentes, entre os quais se destacam Konstantin Liévin e o conde Vrónsky. O primeiro, embora dono de boa parte do afeto da jovem Kitty tem seu pedido de casamento rejeitado porque ela se sentia mais atraída pelo conde, e acreditava que este também lhe proporia em breve.
Acontece que Anna, inconscientemente atrapalha os planos da jovem concunhada, atraindo para si as atenções do conde. Com isso, ela que viera resolver um conflito matrimonial acaba sendo dragada para outro, pois acaba correspondendo às atenções de Vrónski, a despeito do casamento seguro, convencional e confortável.
A partir daí, o livro processe, dividido em oito parte, acompanhando a vida de seus personagens, tendo como foco ora o caso entre Anna e Vrónski, ora a relação de Liévin com Kitty.

Esse livro é um exemplo perfeito dos clássicos da literatura: de alta qualidade, mas denso. Ou seja, não é aconselhável para qualquer leitor, há que se ter uma certa bagagem literária.
Eu particularmente adorei a leitura, mesmo tendo arrastado-a por semanas.

sábado, 4 de junho de 2016

Final de Verão - Danielle Steel

Outro dia li em frase do Stephen King em que ele dizia que não acharia o purgatório tão penoso se nele houvesse uma biblioteca que emprestasse livros; depois ele complementa que, nesse caso ele aposta que teria o asar de que essa biblioteca só tivesse livros de autoajuda ou da Danielle Steel, ou seja, ele sofreria do mesmo jeito.
Eu, pessoalmente, discordo. Sempre volto a procurar um título da Danielle para ler. É verdade que eles são bem rasos de conteúdo, de filosofia ou outra dessas commodities cult... mas mesmo assim, me agradam.
Talvez exatamente pela leveza.

Nesse livro, vivemos um verão com Deanna Duras, uma belo mulher, nos seus trinta anos, que vive um casamento frio e luta com uma filha adolescente que não a suporta. Deanna vem de uma história familiar incomum, e por isso, é muito dependente do marido, um advogado francês que passa mais tempo viajando a trabalho pela Europa do que em casa, no oeste dos Estados Unidos, com a família.
Em um verão, Deanna se recusa a viajar com o marido e a filha impossível para passar as férias com a insuportável família francesa do marido. Ela, então fica em São Francisco, apesar da solidão.
É por causa da solidão, do casamentos decadente, da família espinhosa e do desrespeito e desestímulo do marido por seu trabalho como pintora, que ela se aproxima de um bem sucedido comerciante de quadros, com quem acaba tendo um caso.

O livro fala, basicamente, sobre adultério e famílias infelizes, e por acaso, no mesmo período em que li esse livro, estava também lendo também Anna Kariênina, romance russo que versa sobre os mesmo temas.