sábado, 24 de dezembro de 2016

Vento pela Fechadura - Stephen King


Já disse que, embora adore a obra de Stephen King, a série Torre Negra não me encanta muito, esta, porém, é uma exceção. Achei a leitura bem agradável e interessante.

Roland, Jake, Oi, Susannah e Eddie estão no meio de sua jornada, entre o Palácio Verde (quarto livro) e Calla (quinto livro), quando são atravessado por uma borrasca, uma super tempestade gelada do mundo médio, que os obriga a parar e procurar abrigo por dois dias. Junto com todo o vento e a neve, a borrasca também traz a Roland várias memórias, e como ele está com tempo, decide contar a seus companheiros duas histórias.
O Troca Peles, uma aventura de sua juventude em que, logo após a morte de sua mãe, o pistoleiro recém "graduado" é mandado para investigar uma série de mortes violentas em uma das vilas decadentes que é governada por seu pai. Roland e seu parceiro, Jamie, encontram um vilarejo apavorado por um monstro que se transforma em animais gigantes e devora as pessoas, o Troca Peles.
Durante sua busca, o pistoleiro tem que lidar com um garota de onze anos cujo pai fora vítima da fera. É enquanto o garoto o ajuda na investigação e eles esperam reforços que Roland lhe conta uma das lendas de sua infância, o Vento pela Fechadura.
Vento pela Fechadura é a história do menino Tim Ross, que vive em uma vila de lenhadores às margens de uma floresta imensa e perigosa. A aventura de Tim envolve dragões, a morte do pai, um padrasto violento, fadas, povos da floresta, cobras perigosas, um tigre gigante, e Randall Flagg, o mais odiado dos vilões.

Finda a tempestade, o Ka-tet volta à estrada, rumo à Torre Negra.

sábado, 17 de dezembro de 2016

A Menina Submersa - Caitlín R. Kiernan

Que livro estranho!
Quando uma amiga em indicou esse livro dizendo que não ter certeza de gostou ou não, mas que eu precisava ler porque era algo único, eu primeiro fiquei cético. Fui pesquisar sobre a obra e autora e mesmo assim custei a ter certeza se deveria ou ler. Acabei ganhando o livro dessa mesma amiga e lendo tão logo ele chegou às minhas mãos (furando a fila de leitura!).

Já nas primeiras páginas conhecemos India Morgan Phelps, a Imp. Ela já se apresenta como provável resultado de uma sequência hereditária de esquizofrênicas com tendências suicidas, e também conta que está se dispondo a escrever uma "história de fantasmas". Relacionando as duas coisas, ela adverte que tudo o que for lido nas próximas páginas deve ser encarado com desconfiança, porque, pra ela, nem tudo que é verdadeiro é também factual.
O livro altera o foco narrativo de modo que é difícil perceber se a história vem sendo contada pela Imp ou sobre ela, mas acabamos conhecendo-a e gostando dela (pelo menos eu gostei).
Ela vive em uma cidade em Rhode Island, na Nova Inglaterra — já disse que adoro ler sobre essa região — e, no momento em que a história se passa, divide o apartamento com a sua namorada, Abalyn. Eis aqui o primeiro tema complexo do livro. Abalyn é transsexual e lésbica. Ela nasceu com fenótipo e genótipo masculino, mas com mente feminina, e se submeteu a uma transformação medicinal para corrigir a situação. Como mulher, ela também é lésbica. Essa é uma questão muito interessante e controvérsia. A biografia da autora é difícil de encontrar, mas ela passou pela mesma situação de Abalyn. Outro exemplo real (factual ^^) é o ator Buck Angel, cuja história pode ser encontrada nos links dessa frase.
Imp conheceu Abalyn por muito acaso, quando esta havia sido posta pra fora da casa da última namorada. Imp lhe estendeu a mão e elas foram morar juntas. Da amizade, veio o romance, cujo fim é descrito no livro.
Ela também descreve a obsessão que tem por uma pintura de um artista da região, A Menina Afogada, retratando de diversas formas durante sua vida, e como essa obsessão se relaciona co sua história de fantasmas e com Eva Canning, a misteriosa mulher que aparece na vida de Imp pra confundir ainda mais as coisas.

E mais, a DarkSide caprichou demais nessa edição limitada, do colorido das páginas ao acabamento da capa, vale muito apena.
Obrigado Amanda por mais essa indicação.

sábado, 10 de dezembro de 2016

A Morte da Sra. McGinty - Agatha Christie

Poirot está entediado. Ele passa a vida desfrutando de sua aposentadoria, se dedicando de corpo e alma às refeições diárias, experiências ricas que ele faz questão de planejar, antecipar e rememorar. É um ponto de reflexão para ele o impasse entre seu desejo de ter mais do que três refeições diárias e sua incapacidade de se adaptar ao costume britânico do chá das cinco. Mais do que tudo, ele sente falta do desafio intelectual que se fez presente durante toda a sua vida como detetive.
É então após um lauto jantar (a refeição mais importante do dia para o famoso investigador) que ele recebe a visita de um ex-colega de profissão, o detetive Spence, que procura o sue auxílio em um caso peculiar. Spence pessoalmente fora o responsável pelo inquérito sobre a morte da Sra. McGinty, assassinada em sua residência, com um forte golpe na cabeça. O único suspeito fora seu inquilino, James Bentley, recentemente condenado pelo júri e condenado à pena capital. O caso é que os instintos de Spence lhe dizem que Bentley é inocente.
Poirot não resiste ao bom mistério e se desloca para Kilcester, o pequeno povoado onde ocorreu o crime. Ele encontra um cenário desencorajador com instalações pouco cômodas e escassa oferta gastronômica, entretanto o mistério o motiva. À medida em que ele se engaja na investigação, começa a duvidar da culpa do condenado, mas encontra pouquíssimas pessoas disposta a corroborar com seu argumento. Aparentemente Bentley não causa uma boa impressão nas pessoas.
Como salvar da forca um homem detestado por muito e que pouco se ajuda?

sábado, 3 de dezembro de 2016

Mundo Sem Fim - Ken Follett


Depois de ler Os Pilares da Terra no carnaval de 2015 eu fiquei obcecado com a história e com a genialidade narrativa de Follett, mesmo já conhecendo outros de seus livros. Foi, então, um desafio conseguir ler esse livro, sequência de Pilares, que está esgotado nas livrarias nacionais e mesmo nos sebos é difícil de ser encontrado, de modo que eu tive que comprá-lo em inglês, e encarar sua longa leitura — mais de 1000 páginas — em outro idioma. E eu recomendo, mesmo não sendo uma leitura simples, dada a qualidade literária e histórica do livro.
O primeiro livro se passa na Inglaterra do século XII, um período em que o trono estava sendo disputado por dois primos que levaram o reino ao caos. Em Mundo Sem Fim, duzentos anos depois, o plano de fundo histórico é o início da Guerra dos Cem Anos.
A história se passa no povoado de Kingsbridge, dominado pelos monges, mas que abriga um grande espectro de pessoas e profissionais, que se envolvem na política do reino, no comércio, na criminalidade, e, é claro, na arquitetura, um dos planos de fundo dos dois livros.
Os personagens centrais da trama são descendentes dos personagens do primeiro livro, e de certo modo, repetem as trajetórias de vida dos antepassados, lutando pela manutenção do poder do priorado, por construir grandes obras que afrontam os poderosos nobres regionais e lutando por seus amores e famílias.

Pela minha experiência com os demais livros do autor, sei que seu ponto alto são as ficções históricas, de modo que depois de ter lido estes dois livros e a trilogia O Século, não restam grandes obras (de meu interesse) em seu currículo, mesmo assim, eu recomendo a leitura de livros do autor.

sábado, 26 de novembro de 2016

As Vantagens de Ser Invisível - Stephen Chbosky


Quando uma amiga me indicou esse livro descrevendo-o como intenso e imprevisível, como se realmente houvesse alguém te contando uma história, eu imediatamente me movimentei para comprar e ler o livro.
Não me arrependi em nada.
Eu o selecionei para ser uma leitura muito especial, durante uma viagem de dois dias à São Paulo para minha defesa de mestrado (o livro pode ter me dado sorte, fui tudo bem e eu fui aprovado!).
A surpresa já começa pelo estilo narrativo, epistolar, em que o narrador personagem se apresenta como Charlie e conta suas experiências de vida durante um ano, seu primeiro no Ensino Médio, a um leitor desconhecido.
Charlie acabara de perder seu melhor amigo, Michael, que se suicidara poucos meses antes do início das cartas. Esse fato o marcou muito, embora não tenha sido o acontecimento mais triste de sua vida.
No início do ano, com uma nova organização escolar e sem amigos, Charlie tenta se adaptar e encontrar um novo grupo. Sua tentativa é mais difícil por causa de sua personalidade emotiva. Há inclusive várias cenas em que ele chora copiosamente durante diálogos e em público (algo muito incomum na cultura americana).
Charlie acaba se aproximando de Sam e Patrick, um casal de irmãos bastante insólito, que o levam para festas, o apresentam às bebias e ao cigarro, mas também o ajudam a superar algumas de suas "esquisitices".
Não há muito como descrever o livro sem revelar pontos importantes sobre o enredo, mas acredite: você precisar ler esse livro. Nem que seja só para diversificar sua experiência como leitor.

sábado, 19 de novembro de 2016

Lady Catherine, o Conde e a Verdadeira Downton Abbey - Condessa de Carnarvon


Como disse na postagem sobre o livro Lady Almina e a Verdadeira Downton Abbey, minha série preferida é Downton Abbey, o drama britânico sobre os moradores e criados de uma propriedade rural inglesa no início do século passado. Tanto que procuro ler tudo que se escreve sobre a série. Entre as minhas leitura estava o livro mencionado acima, em que a atual condessa de Carnarvon fala sobre a vida da bisavó de seu marido, o oitavo conde de Carnarvon.
A relação entre os Carnarvon e a série é que o conde e a condessa moram no cenário em que é filmado o seriado britânico, o castelo de Highclere.
A atual lady Carnarvon se aventura entre os documentos históricos, diários pessoais, livros e pesquisas para construir um relato histórico leve e interessante que registra em primeiro lugar a história dos ocupantes do castelo de Highclere no último século, através da perspectiva da sexta condessa, lady Catherine. Com o relato, nos dois livros, fica registrado também parte da história da Inglaterra e do mundo. Juntas, Almina e Catherine passaram por duas guerras mundiais, conflitos dentro do Império Britânico e disputas políticas nacionais.
Catherine, como a sogra, era americana, filha de uma família oligárquica, mas depauperada, e após rejeitar vários pretendentes na Inglaterra, fez um bom casamento com o herdeiro de Carnarvon. Entretanto acabam aí as semelhanças entre elas. Catherine viveu em uma época de reviravoltas em uma sociedade até então engessada, teve de tocar o castelo com menos empregados.

Como da vez anterior a condessa foi muito gentil ao me responder quando escrevi comentando sobre o livro, por outro lado, a Editora Intrínseca não manifestou vontade quanto a tradução desta sequência, de modo que a leitura só está disponível em inglês.

sábado, 12 de novembro de 2016

Escuridão Total Sem Estrelas - Stephen King

É difícil saber se gosto mais de Stephen King em seus romances ou em seus contos. Um livro como esse, com quatro excelentes contos longos fazer a balança pender na direção dos contos. Mas a noção de comparação entre conto e romance se perde no obra do King porque, embora também seja prolixo em seus romances (que as algumas vezes passam das novecentas páginas), alguns de seus conto poderiam muito bem ser publicados como romances com mais de cem páginas. As vezes 150.
Este livro chega ao Brasil muitíssimo bem produzido pela Suma de Letras, que parece ter alcançado um padrão para arrancar elogios deste leitor, com quatro contos divididos em 390 páginas, que conduzem um leitor aos territórios da imaginação do grande mestre.
Os livros do King costumam ser classificados como de terror, mesmo quando ele escreve romances policiais, ficção científica e até contos de fada, mas essa coletânea de contos se dedica à brutalidade humana: à ganância, à loucura, à vingança, ao autoengano... Tudo com a qualidade narrativa e estilística que renderam ao autor inúmeros prêmios literários através das décadas
São os quatro contos:
1922: Wilfred James conta a história de como a loucura e o azar se instalaram em sua vida no ano de 1922, logo após sua irritante mulher receber de herança 100 acres de terra vizinhos à sua própria fazenda. A esposa, Arlette, queria vender tudo, incluindo a fazenda do marido, e se mudar para a cidade. Depois de muitas brigas, pai e filho resolvem liquidar Arlette. Com o assassinato, começa o declínio da sanidade dos dois, uma sucessão de eventos catastróficos que culmina com o relado-confissão de Wilfred.
Gigante do Volante: Tess é mulher madura que ganha a vida escrevendo livros de mistério e adora dirigir para dar palestras nas pequenas cidades da Nova Inglaterra. Ou melhor, era, porque depois de ser estuprada, roubada e quase assassinada quando pegava um atalho para voltar para casa depois de uma de suas palestras, ela se tornou outra mulher, planejando sua vingança, movida pelo ódio e pela vergonha.
Extensão Justa: Dave Streeter está morrendo. Ele tem um câncer agressivo em fase terminal, está desenganado e vem passando seus últimos meses de vida entre vômitos e dores. É em uma dessas crises de vômito que ele conhece um personagem peculiar, que lhe oferece uma extensão de vida em troca de um pouco de dinheiro e da ruína de um inimigo.
Um Bom Casamento: Darcy e Bob são um casal que vivem um casamento feliz por décadas. Criaram seus filhos, prosperaram, viajaram, se divertiram e se amaram por muito tempo, até que ela descobriu que o marido era um assassino em série louco e violento.
Depois da leitura dos contos fica um gostinho de quero mais que garante que vou voltar ler livros de Stephen King, talvez nem espere a Suma traduzir...

sábado, 5 de novembro de 2016

Sobrevivente - Chuck Palahniuk


Há alguns meses li Clube da Luta, só porque estava na promoção e porque alguns amigos haviam recomendado muito tempo antes. Foi uma decepção, mas mesmo assim resolvi ler mais um livro do autor.
Ainda bem que dei a ele essa segunda chance, porque Sobrevivente definitivamente é melhor que Clube da Luta.
O princípio já é suficiente para te convencer a levar o livro pra casa, trata-se de cara que sequestra um avião, faz todo mundo descer e resolver voar sozinho no piloto automático até que o combustível acabe. Enquanto isso ele conta sua história de vida para a caixa preta.
Seu nome é Tender Branson, e sua vida tragicômica começa três minutos e meio depois do nascimento de seu irmão (gêmeo) mais velho, Adam. Pela cultura da comunidade religiosa em que eles foram criados, Adam é o único filho que recebe um tratamento diferenciado dos demais. Todos os outros devem se chamar Tender, e todas as filhas devem se chamar Biddy.
Ao completar dezessete anos, todos os Tender e todas as Biddy devem deixar a reserva ondem estão as fazendas das famílias da Igreja e passar a trabalhar no "mundo lá fora", sempre enviando seus salários para a comunidade religiosa.
Palahniuk arranja uma maneira singular para contar a história de como Tender Branson se torna o último sobrevivente dessa comunidade de fanáticos religiosos, depois a grande estrela e messias de sua geração, até levá-lo à atitude desesperada a bordo do voo 2039.
Em resumo, Palahniuk aborda temas polêmicos, espinhosos e atuais de forma engraçada e instigante. 
Recomendo!

sábado, 29 de outubro de 2016

Confie em Mim - Harlan Coben

Um belo dia Mike e Tia Baye resolvem instalar no computador de seu filho um programa espião que envia periodicamente um relatório com todos os sites que ele visita, todas as conversas que tem e todas as pessoas com as quais se relaciona. Nesse mesmo momento, uma mulher é encontrada assassinada à pancadas, com o rosto todo desfigurado.
Como relacionar o crime com o drama familiar? A mente genial de Coben tem a resposta.
A família Baye é uma família feliz, ele é médico e ela advogada, os filhos, Adam e Jill, têm 16 e 11 anos, e são boas crianças. Mas ultimamente Adam começou a apresentar um comportamento estranho, arredio e tristonho, após o suicídio de um dos seus melhores amigos.
A narrativa se divide em focos narrativos, alternando Mike, Tia, Jill, o assassino, a detetive Muse, encarregada de investigar o caso, e outros personagens menores. A história narrada se passa sem cerca de vinte e quatro horas, pouco tempo depois de os Baye começarem a monitorar seu filho mais velho.
A partir dessa escolha polêmica, eles descobrem indícios que o filho pode estar usando drogas, andando em companhias perigosas e frequentando lugares "barra pesada". Desse modo, o autor nos propõe a reflexão sobre a necessidade dos jovens de liberdade, a tendência dos pais de vigiarem e a responsabilidade que eles têm sobre a seguranças de seus filhos.
Mike e Tia são sugados para uma sequência de eventos violentos e a preocupação com seus filhos cresce à medida que eles mesmos são expostos à bandidos armados, uma gangue de adolescentes, traficantes abusados, outros pais desesperados e a agentes da lei truculentos e desconfiados.

sábado, 22 de outubro de 2016

Um Punhado de Centeio - Agatha Christie


Agatha escreveu mais de setenta romances, mais de 150 contos e quase vinte peças de teatro, conseguindo o feito de ser reconhecida internacionalmente como romancista e dramaturga. Nas suas histórias, umas das personagens recorrentes é a adorável velhinha xereta Miss Marple, especialista em comportamento humano que desvendas crimes e mistérios com base na observação e reflexão. Está é uma de suas histórias.
Tudo começa em Londres, um cenário pouco habitual para as histórias de Agatha e onde não esperamos encontrar Miss Marple, muito menos em um prédio de escritórios onde um empresário escroque é assassinado.
Rex Fortescue passa mal depois de tomar chá em seu escritório. Depois de uma comoção entre as secretárias e as datilógrafas, ele é encaminhado ao hospital e falece, vitimado por um veneno improvável, a taxina, encontradas nas frutinhas e folhas de teixo, árvore que dá nome à propriedade da família Fortescue, o Chalé do Teixo, e que pode ser encontrada em abundância no jardim do falecido.
O inspetor Neele é chamada para cobrir a ocorrência e é através dele que conhecemos a excêntrica família aristocrática.
O falecido era pai de dois rapazes e uma jovem moça, sendo um dos rapazes casados e residente no Chalé do Teixo, e, o outro brigado com a família, mora na África. Ou melhor, morava, pois havia sido recentemente chamado de volta ao lar pelo pai.
Também moram no chalé a nova senhora Fortescue, segunda esposa de Rex e trinta anos mais jovem, e a irmã da primeira senhora Fortescue, tia Effie, aparentemente louca e fanática religiosa.
Miss Marple só aparece depois da metade do livro, depois de mais duas vítimas serem feitas, uma delas, uma jovem menina que fora sua protegida na infância, mas como sempre, ela traz um ponto de vista inesperado.

sábado, 15 de outubro de 2016

O Homem do Castelo Alto - Philipe K. Dick

Estou em uma cruzada pela ficção científica (na verdade não só por esse gênero, como também por ficção histórica, Stephen King e Agatha Christie) já ha algum tempo, e venho procurando livros e autores que se destacaram com esse tipo de livro. Desse modo, ando lendo Isaac Asimov, Arthur Clarke, Greg Bear, H. G. Wells e outros. Diferentemente do padrão, O Homem do Castelo Alto entrou na minha lista não por indicação (de outro leitor ou livro), mas por causa da adaptação da história em uma série de TV. Procurando mais sobre a série, encontrei uma espécie de currículo literário do autor, e me interessei muito por sua obra. Entre as dezenas de romances e contos que ele deixou, várias histórias já viraram sucesso no cinema — como Blade Runner, Minority Report e O Vingador do Futuro.
O livro se passa na década de 1960 em uma realidade alternativa em que os países do Eixo venceram a segunda guerra mundial, assim no período da Guerra Fria a tensão não é entre os Estados Unidos e a União Soviética, mas entre a Alemanha e o Japão, que depois de vencer a guerra se colocaram em cantos opostos do ringue e dividiram o mundo como seus domínios. Em de de a Alemanha ter sido divida entre comunista e capitalista, os Estados Unidos é que foram separados em dois países, um sob domínio nipônico e outro como parte do grande Reich nazista.
Existem outras mudanças que vão sendo apresentadas à medida que a história avança: os negros são escravos novamente, a África foi destruída por alguma experiência nazista que não saiu como programada, os judeus foram quase totalmente exterminados, os que restaram se escondem e vivem como podem. A corrida espacial está muito mais avançada, já existem sondas nazistas em Marte e a filosofia do I Ching é onipresente.
Dentro da história há uma ficção paralela. Um livro, O Gafanhoto Torna-se Pesado, circula entre todos os núcleos de personagens, trata-se de uma história sobre uma realidade alternativa em que o resultado da guerra fora oposto, de modo a confrontar todos os paradigmas estipulados em O Homem do Castelo Alto, se aproximado, mais ou menos, da nossa realidade.
A ideia original e a narrativa peculiar tornam esta leitura indispensável.

sábado, 8 de outubro de 2016

Scorpia Rising - Anthony Horowitz

O livro Scorpia Rising caiu nas minhas mão por acaso. Se trata do livro final da série sobre o adolescente espião Alex Rider, e eu o li não tanto pela história, mas pelo idioma; isso porque o livro não foi traduzido no Brasil, e minha tia avó me deu depois que minha prima se mudou e o deixou para trás. Como eu não queria deixar o inglês enferrujar na minha cabeça, tratei de lê-lo, e acabei me surpreendendo com uma boa história de espionagem, embora direcionada para adolescentes.
Na história, um organização criminosa internacional fundada por ex-espiões de vários países, Scorpia (acrônimo em inglês para os lemas da organização: Sabotagem, Corrupção, Inteligência e Assassinato), é contatada por um milionário grego padecendo de câncer terminal para restituir à Grécia uma escultura que teria sido roubada duzentos anos antes e era mantida no Museus Britânico, a despeito dos incessantes pedidos gregos de devolução.
Os chefões da Scorpia decidem cumprir a tarefa de modo a se vingar no percurso do jovem espião Alex Rider, um menino que acaba de completar 15 anos e já derrotou a organização por duas vezes. 
Para isso eles montam um esquema para por fim à vida de Alex, satisfazer o milionário moribundo e ainda envergonhar, humilhar e desacreditar o governo e o povo britânico. A ferramenta escolhida para a missão é o jovem Julius Grief, um clone humano treinado abater Alex, tendo inclusive passado por cirurgias plásticas para se parecer exatamente como seu alvo.
Alex, por outro lado, está colocando sua vida de volta ao normal. Depois de passar um período fazendo um trabalho que não gosta como espião para o governo, ele tenta voltar a ser um adolescente normal, inclusive mantendo um namora a distancia. O problema recomeça quando uma de suas aulas é interrompida por um agente da Scorpia atirando nele e em seus colegas.
Ele não tem escolha, a não ser voltar ao serviço de sua majestade.

sábado, 1 de outubro de 2016

O Ladrão do Tempo - John Boyne


John Boyne é daqueles autores que não passam em branco. Seus romances históricos, completos, divertidos e surpreendentes são garantia de boas horas de leitura. Meu preferido é O Palácio de Inverno, mas O Garoto no Convés está no mesmo nível do badalado O Menino do Pijama Listrado. É daqueles escritores que merecem o dinheiro que ganham com literatura.
Seu romance de estreia, O Ladrão do Tempo, só foi publicado no brasil em 2014, catorze anos depois da publicação original, e já antecipava claramente o potencial do autor.
Matthieu Zéla é um homem de duzentos e cinquenta anos que vive em Londres e nos conta sua longa história de vida. Nascido em Paris, sob a dinastia Bourbon, ele testemunha o assassinato da própria mãe tem de deixar o país levando consigo o irmão caçula.pela rota Calais-Dover, ele chega a Londres.
A pesar de iniciar sua vida profissional como um batedor de carteiras, Matthieu, exerce muitas atividades, em seus dois séculos de vida, acumulando muito dinheiro, experiências e mulheres.
Ao contrário dele, seu irmão morre jovem, deixando um sobrinho por nascer, que também morrerá jovem, deixando um sobrinho neto, que seguirá a tradição de família... e assim por nove gerações de Tomas, Thomas, Thoms e Thomys, todos vivendo e morrendo á sombra do tio Matt.
Matthieu também tem um histórico trágico com as mulheres, tendo se casado dezenove vezes, conhecido centenas de amantes, sem nunca conhecer um amor como o de Dominique, a jovem francesa que faz com ela a viagem de Calais até Dover.
Boyne constrói uma narrativa histórica viva e empolgante, mistura personagens celebres ficcionais, e cria um romance que o representa como grande autor.

sábado, 24 de setembro de 2016

Misery: louca obsessão - Stephen King

Stephen King adora escrever sobre si mesmo. Muitos de seus personagens são construídos a partir de experiências vividas por ele, como deixar de fumar ou beber, lecionar, trabalhar em uma lavanderia, etc. A experiência pela qual passa o personagem deste livro, tenho certeza, ele preferiria evitar.
Paul Sheldon é um romancista famoso e bem sucedido. Seu problema é que ele odeia a personagem que lhe garante o sustento. Trata-se de Misery Chastain, uma heroína vitoriana cafona e demodé, que arrebentas nas vendas em brochura. Tudo na vida de Paul ia bem depois de ele conseguir matar a personagem. Ele até já havia finalizado um outro livro, sem todo o clichê da série Misery.
Mas aí ele sofre o acidente de carro durante uma tempestade de neve.
Quem o encontra é a ex-enfermeira Annie Wilkes, louca de pedra é Fã Número um de Misery, e por extensão, de Paul Sheldon.
Annie o arrasta para o próprio carro, leva até sua casa e o medica com uma droga a base de codeína.
Durante a penosa recuperação de Paul, ele se dá conta de alguns fatos que montam um cenário assustador: Annie é completamente louca; ele está viciado em analgésicos; eles estão isolados no campo durante uma sequência de tempestades de neve; Annie ainda não sabe que Misery morre no final do último livro; ela está lendo este livro.
À medida em que ganha mais poder sobre Paul, Annie demonstra ser altamente irritável, violenta e instável. Ela dá um showzinho particularmente convincente na manhã em que descobre o trágico fim de sua heroína literária.
Sua próxima jogada é previsível, ela tortura o escritor para que ele cria só para ela um livro em que Misery retorna dos mortos. O legal é descobrir os níveis de tortura que ela emprega, as estratégias de Paul para se livrar dela e se ele realmente consegue sair dessa.

Um detalhe é que, embora eu não tenha visto o filme e a descrição dos personagens seja um pouco diferente, eu não consigo deixar de imaginar Annie como uma Kathy Bates sádica e nefasta e Paul como um Stephen King mais jovem e atormentado.

sábado, 17 de setembro de 2016

Star Wars: O Herdeiro do Império - Timothy Zahn

Para os antigos fãs de Star Wars, o recente reavivamento do interesse e da produção sobre a franquia é como um brisa fresca em uma tarde quente. Para os novos fãs, é como um jorro de eletricidade pulsante.
Eu não sou o tipo de fã que sabe tudo sobre o universo expandido da série, mas curto bastante. Em O Herdeiro do Império, temos a oportunidade de rever velhos amigos em novas situações perigosas. Conhecemos também novos personagens para adorar odiar.
O autor faz um prefácio interessante, em que conta como foi para ele receber o convite para "continuar" a saga e o que ele espera dos novos filmes da franquia. Pra mim, ele fez um trabalho melhor do que o pessoal que transferiu para livro as histórias da trilogia original, lançada no Brasil pela Dark Side, em uma edição de luxo.
Falando sobre edições, o trabalho da editora Aleph neste livro também ficou excelente!
A nova história se passa cinco anos após a morte do imperador, em um cenário em que a Aliança Rebelde luta pra se estabelecer como Nova República, e as formas imperiais remanescentes lutam pra não perder o pouco espaço que ainda mantêm.
A nova (e final?) esperança dos imperiais é um brilhante almirante que junta ao seu redor uma grande força, coordenada com inteligência e estratégia. O almirante Thrawn é um alienígena de pele azul, olhos vermelhos e mente aguçada, que inspira tanto medo e respeito em seus subordinados quando Darth Vader.
Do outro lado, nossos velhos conhecidos Luke, Leia e Han fazem o seu melhor para não perder terreno na recém fundada república. Leia está grávida. De gêmeos. Futuros Jedis. Está também no meio de seu próprio treinamento Jedi, embora suas tarefas diplomáticas tendam a afastá-la do treinamento.
Han ocupa um cargo intermediário entre o diplomático e o militar na nova organização; e Luke, bem Luke, como único Jedi, está muito solitário e taciturno.
O grande desafio da nova saga está nos planos do almirante Thrawn, que planeja neutralizar a Força para retomar o antigo poder do império. O problema é que, além de ele já tem meios para por em prática seus planos, ele parece também ter muita sorte.

sábado, 10 de setembro de 2016

O Senhor Embaixador - Erico Verissimo

A obra de Erico Verissimo costuma ser comentada como tendo duas partes: antes e depois de O Tempo e o Vento, de modo que este livro se enquadra na metade dita de mais qualidade do autor, posterior a'O Tempo e o Vento. Eu, por outro lado, divido a obra do grande escritor gaúcho em três categorias: Os Primeiros Livros, Os Históricos e Os Outros; sendo Os Primeiros Livros marcados por um estilo em aperfeiçoamento, do início de carreira. Seriam como exercícios literários. Os Históricos, fortemente regionalistas, têm o Rio Grande do Sul como palco, a História como plano de fundo e audaciosos projetos como trama. Já os Outros, são livros que não se enquadra na inexperiência dos Primeiros Livros, mas não têm a robustez dos Históricos.
Este é um dos Outros.
A trama envolve em um paiséco fictício na América Central,  a ilha de Sacramento, imaginado a partir de retalhos da mirabolante história dos países reais da América Latina, marcado por indianismos, caudilhismos, revolucionários hipócritas e mulherengos, comunista fanáticos e intervenções estadunidense.
Dois personagens centrais conduzem os pontos de vista da história, Bill Godkin um jornalista aposentado especializado em cobris eventos na América Latina, e Gabriel Heliodoro embaixador de Sacramento em Washington.
Na primeira parte do livro, é descrito o fim da carreira de Godkin e o início da de Heliodoro, quando ele chega aos Estados Unidos, recebe as credenciais e se ambienta no fazer diplomático. É interessante, nessa parte do livro, a descrição do ambiente político na América do Norte, a diplomacia em plena Guerra Fria.
Nas partes seguintes, os protagonista têm de lidar com mais uma revolução em Sacramento.

sábado, 3 de setembro de 2016

O Preço da Vitória - Harlan Coben

Harlan Coben dá um novo fôlego para os romances policiais.
O gênero policial é um dos mais badalados do mundo literário, muito lido mundo afora, é também muito visado pelos escritores, o que leva a um grande número de publicações medianas. De tempos em tempos, surge um ponto fora da curva, como Stieg Larsson (da trilogia Millennium). Coben é um desses pontos. Seus personagens ricos e reais, suas cenas vívidas e ágeis, suas tramas intrincadas, com reviravoltas, mas sem exageros estilísticos e sua narrativa direta e fluida, o alçam ao panteão dos grandes escritores, lado a lado com Agatha Christie e Sir Arthur Conan Doyle.
Dentre os seus livros, meus preferidos são os protagonizados por Myron Bolitar, o ex-atleta que se dedica a agenciar estrelas do esporte e a resolver crimes envolvendo seus pupilos.
Este livro começa em um torneio de golfe, esporte detestado por Myron, mas fonte em potencial de clientes para sua agencia de representações. Durante uma partida, ele é abordado pelo sogro de um dos competidores, que lhe joga a bomba logo de cara: seu neto fora sequestrado e a filha e o marido estão pedindo a ajuda de Myron para encontrar o garoto.
O fato de a mãe do adolescente desaparecido também ser uma estrela do golfe só adensa a trama, embora não se compare com a confusão causada por seu parentesco com Win, violento melhor amigo de Myron, que tem péssimas relações com a família.
A investigação se dá muito naturalmente, mas cada revelação deixa a confusão ainda maior, envolvendo mais e mais a família de Win.

sábado, 27 de agosto de 2016

O Triunfo de Sharpe - Bernard Cornwell

O grande sucesso de Bernard Cornwell no exterior é a sua série original, As Aventuras de Sharpe, porém, no Brasil, sua série mais conhecida é a trilogia Crônicas de Artur. Contudo, dentre seus livros os meus preferidos são os das Crônicas Saxônicas.
Por isso, as aventuras de Sharpe não me agradam tanto.
Embora o sargento Richard Sharpe, do Exército de Sua Majestade durante as Guerras Napoleônicas, seja um personagem muito empático.
A empatia que o personagem desperta é devida ao quão humano ele é, com suas mesquinharias, ganâncias, raivas, desejos e valores (uma característica não rara nas obras de Cornwell, que busca mostrar o melhor e o piro do ser humano em seus personagens.). 
Nesse segundo volume da série, Sharpe continua na Índia, cumprindo as missões mais arriscadas designadas pelo oficiais.
No final do último livro, Sharpe era dado como morto, mas retorna ao exército britânico como um herói impossível, por ter escapado da morte e sido o responsável pela grandiosa vitória contra o sultão Tipu. Secretamente, ele também volta rico, após saquear o cadáver do sultão e levar seu incrível rubi.
Dessa vez, a missão de Sharpe é capturar um traidor do exército britânico, o major William Dodd

Eu ainda não pude assistir à série televisa feita a partir da adaptação das histórias dessa série literária, mas tenho muita vontade. Embora seja um pouco antiga, a crítica é muito elogiosa a respeito dos livros, e o ator que a estrela é o famoso Sean Bean, também visto em O Senhor dos Aneis e Game of Thrones.

sábado, 20 de agosto de 2016

Amar de Novo - Danielle Steel

O livro foi escrito e se passa na década de 1980, quando sequestros estavam na moda na Europa, por motivos políticos e financeiros.
Isabella e Amadeo di San Gregorio são um casal apaixonado, que dirigem juntos uma das maiores maison do continente. Vivem felizes e conseguem manter o convívio familiar com o filho, apesar do intenso trabalho na indústria da moda, a ponto de estarem planejando uma segunda gravidez.
É em um momento de felicidade, então, que a desgraça abate os di San Gregorio. 
Numa sexta-feira Amadeo é sequestrado. No mesmo dia, Isabella recebe um pedido de resgate impossível, dez milhões de Euros. Ela é advertida para não contatar a polícia italiana, mas o faz. Na segunda o corpo do marido é encontrado e o mundo de Isabella vem abaixo.
A partir de então, os desafios dela passam a ser continuar a viver, "não deixar a peteca cair", dar suporte ao filho tocar a empresa e, finalmente, reencontrar o amor.

Sempre que posto sobre um livro da Danielle Steel, advirto sobre o estilo: água com açúcar. Outro dia um amigo me perguntou se os livros do Nicholas Sparks não ficavam todos chovendo no molhado. E é verdade, tanto ele quanto a Danielle escrevem muito sobre o mesmo. Mas o que conta, pra mim, é o como eles escrevem. De que forma contam a história.
Isso posto, ressalto que este não é o melhor livro da autora. A narrativa me pareceu fraca e a história (como esperado) manjada.
Mesmo assim, avoluma muito bem na minha biblioteca, junto com os outros dez da autora.

sábado, 13 de agosto de 2016

Getúlio 1930-1945: do governo provisório à ditadura do Estado novo - Lira Neto

Disse uma vez o grande estadista: "O período ditatorial tem sido útil, permitindo a realização de certas medidas salvadoras, de difícil ou tardia execução dentro da órbita legal. A maior parte das reformas iniciadas e concluídas não poderia ser feita em um regime em que predominasse o interesse das conveniências políticas e das injunções partidárias".
E é essa a frase escolhida pelo autor como epígrafe para esse segundo volume da trilogia biográfica sobre Getúlio Vargas, livro dedicado ao período de quinze anos em que Getúlio exerceu poderes ditatoriais.
No livro anterior, Neto revela o caminho até o poder, em um golpe de estado, uma revolução que instaura o Governo Provisório, em que foram dissolvidas as câmaras legislativas e destituídos os governadores e prefeitos.
Nesses primeiros anos de Governo Provisório, Getúlio enfrentou muita crítica da oposição e da imprensa, teve de lidar com correligionários beligerantes e com as revoltas em seu estado natal, Rio Grande do Sul, e em São Paulo, terra de Washintgnon Luis, presidente deposto pelo golpe getulista.
Também nesse período, ele deu mostras de sua brutalidade no trato com a oposição e de seu populismo, que lhe garantia o apoio popular. Tem destaque nesses primeiros anos, a conquista voto feminino, garantida universalmente por Getúlio no Brasil antes de ocorrer em países "avançados", como a França.
Sua popularidade e sua força política lhe garantiram a eleição constitucional para presidente. Getúlio não poderia deixar de aproveitar o ensejo e, gradativamente, enrijecer e consolidar o regime que conduziria ao Estado Novo, uma ditadura violenta, mas que obteve altos índices em indicadores sócio-econômicos. Um paradoxo brasileiro.

sábado, 6 de agosto de 2016

Dois livro para não ler

Já reconheci algumas vezes que tenho a tendência de só postar comentários sobre bons livros; isso porque o objetivo do blog é incentivar a leitura.
Entretanto, também já disse que a leitura também pode ser incentivada pela contraindicação de livro ruins, assim, os leitores não perdem tempo com livros chatos que podem desestimulá-los de continuar lendo.
Trago hoje dois livros que caíram na minha mão e deixaram minhas horas de leitura menos alegres: O Traidor, de Jimmy Breslin e O Homem do Mar de Joaquim Nogueira.
O Traidor é um daqueles romances sobre a máfia que os americanos parecem gostar tanto. 
O problema é que é chato. A trama básica se passa durante o julgamento de um integrante da máfia, na segunda metade do século XX (o que já colabora para se perder quase todo o charme), em que o personagem-narrador revive momentos de sua carreira no crime organizado.

O Homem do Mar é um romance policial do tipo noir. Só isso já o suficiente para me fazer torcer o nariz. A história basicamente é sobre um homem que é baleado em um canto escuro de uma cidade perigosa e, mesmo depois de cinco tiros, continua vivo. 

Ele usa como estratégia para não perder a consciência atormentar o leitor com reminiscências sem sentido sobre acontecimentos de sua vida que o levaram até aquele momento degradante.

De um modo geral, a literatura pode mostrar o melhor e o pior da humanidade. Esses dois se dedicam a falar sobre o pior, mas de uma maneira entediante.

sábado, 30 de julho de 2016

Rose Madder - Stephen King

Rose McClendon Daniels vive um casamento que é um pesadelo. Há catorze anos ela é a esposa de Norman Daniels, um policial cujo hobby é espancar a mulher. Nas mãos dele ela já perdeu três dentes, teve o pulmão perfurado por uma costela quebrada, e, de tanto levar golpes nas costas, teve os rins danificados de tal modo que se acostumou a encontrar traços de sangue na urina. Mas a pior das agressões foi a que culminou em um aborto, nove anos antes de ela perceber que se não interrompesse aquilo, ele a mataria.
Um dia, por causa de mais uma surra como tantas outra antes, ela tem uma epifania motivada por uma gota de sangue, seu sangue, manchando o lençol da cama, e resolve mudar o rumo de sua vida.
No meio da manhã, enquanto arrumava a casa, ela decide ir embora. De vez. Sim, porque se ela voltasse depois de fugir, ou se ele a recapturasse, seria o fim.
Ela então sai de casa com a roupa o corpo, o cartão do banco dele e a determinação de salvar a própria vida. No caminho, várias vezes tem de lutar contra o medo de ser pega no pulo, e ao alcançar a rodoviária, mal tem noção de para onde está indo. Para longe, é a única certeza.
Em uma nova cidade, perdida em meio à confusão de uma metrópole, ela encontra o improvável: boas pessoas dispostas a ajudar, e outras mulheres em situação semelhante à dela. Com o apoio de uma organização chamada Filhas & Irmãs, cujo objetivo é amparar mulheres vítimas de violência doméstica, abrigando-as e lhes encontrando empregos, Rose recomeça sua vida, novamente como Rosie McClendon.
Norman, por outro lado, não consegue continuar sua vida e lidar com a rejeição. Ele tem a compulsão de caçar a mulher e dar-lhe uma lição.

sábado, 23 de julho de 2016

Assassinato na Casa do Pastor - Agatha Christie


Um dia antes de o coronel Protheroe quatro pessoas fazem ameaças veladas contra ela, incluindo o pastor de St. Maey Mead — em cuja casa é encontrado o corpo e que narra a história —, que logo no primeiro capítulo desabafa em um almoço de família que o mundo seria um lugar melhor sem a presença do coronel.
A filha, e herdeira, do coronel, Lettice, também comenta que as vezes tem vontade de matar o pai; além da esposa, madrasta de Lettice, e de seu amante, o pintor Lawrence Redding, que já entrara em atrito com o coronel diversas vezes.
A própria Miss Marple, imune a qualquer suspeita, reconhece que é de pouco se lamentar a perda de uma figura tão odiosa. É também na presença de Miss Marple (que afa sua estreia neste romance, como uma velhinha xereta e tagarela) que é comentado o fato de a primeira mulher do coronel tê-lo abandonado anos antes.
A autora, então, incrementa a história colocando detetives profissionais e amadores, entre os quais o narrador, Pastor Clement, e a adorável Miss Marple, para investigar o caso, em que vários são os suspeitos, e mais de uma pessoa confessa o crime. 

Assassinato na Casa do Pastor foi o décimo segundo livro publicado por Agatha Christie, dez anos depois de sua estreia. Além de ser destacado por ser a primeira aparição de Miss Marple, chama a atenção pela capacidade da história de não se desgastar, mesmo oitenta e cinco anos depois de usa publicação original.

sábado, 16 de julho de 2016

Nêmesis - Isaac Asimov

Isaac Asimov foi um dos grandes nomes que ajudaram a consolidar a ficção científica como um gênero respeitável no século XX — ao lado de Arthur Clarke, Philip K. Dick e H. G. Wells (que publicou seus clássicos ficção científica nos últimos anos do século XIX, mas influenciou muito o que se escreveu nas décadas seguintes). Suas histórias de expansão espacial e suas três leis da robótica fazem parte do imaginário popular e estão sempre presentes no gênero, nas obras que o sucederam.
Uma das características que mais me admira na obra dele, além da simplicidade de ir direto ao ponto, é a imaginatividade que misturou inteligência artificial, astronomia e política antes da era da internet, e continua atual.
Na década de 1980, Asimov já escrevia sobre o colapso da Terra, não por guerras e pragas, mas por degradação da natureza. Também é marcante, neste e em outros livros seus, a péssima estima (ou até fé) que ele tinha pela sociedade humana, pela cultura humana, tal qual a conhecia.
Em Nêmesis, o autor nos leva a um futuro em que o homem superpovoou nosso planeta até não poder mais; ainda não encontrou outros planetas habitáveis para migrar, mas desenvolveu tecnologias capazes de sustentar a vida humana em bolhas espaciais, super naves que orbitam os planetas no nosso sistema solar, livrando a Terra de parte da população.
As colônias, entretanto, também já estão saturadas. Sem possibilidade de manutenção do sistema vigente, a sociedade começa a lançar olhos para os planetas que orbitam outras estrelas além do Sol.
Nêmesis seria uma dessas estrelas, desconhecida pela maior parte dos astrônomos, seria uma estrela irmã ao nosso sol, mais próxima de nós, e é a escolhida para ser a primeira a receber uma das colônias.
A partir desse roteiro, Asimov constrói uma história sobre lutas, tecnologia, psicologia, espionagem, guerra e amor.

sábado, 9 de julho de 2016

A Casa Pintada - John Grisham

Esse livro desfaz dois esteriótipos, o dos Estados Unidos como um país intensamente urbanizado, moderno, a terra do progresso, e de que John Grisham só escreve sobre advogados.
A Casa Pintada é a história de Lucas Chandler, um garoto de sete anos do Arkansas. A história, que remete à infância do autor, se passa na década de 1950, em uma fazenda de algodão. A família Chandler arrenda a terra de um rico latifundiário para sua plantação de algodão, para sua moradia e alguma plantação de subsistência.
Pelos olhos de Luke, e sua compreensão ingênua de criança, conhecemos o dia a dia de uma família humilde, formada pelos avós e pais de Luke, por ele mesmo e por um tio que está na guerra da Coreia.
Luke, embora jovem, já participa da lida com a terra, desde o preparo, ao plantio e à colheita da safra de algodão. Ele descreve como era dura a tarefa de colher o algodão manualmente, sob o sol forte, durante todo o dia. Ele também revela a relação com os trabalhadores contratados especificamente para o período de colheita, quando o esforço da família não era suficiente para todo o trabalho, e eles precisavam contratar imigrantes mexicanos e habitantes de outras cidades.
Vemos como Luke apreende o mundo, através do rigor e da religiosidade de uma família de batistas; como ele passa a conhecer o mundo e perde parte de sua inocência; como ele enfrenta a desilusão, a pobreza, a violência e o medo.
Grisham é um grande escritor contemporâneo, muito respeitado por outros escritores e querido pelo público, dos quatro livros dele que li até agora, só não gostei de um, mas continuo curioso para ler outros, como o clássico A Firma, um dos primeiros sucessos do autor, e que também foi adaptada para um ótimo seriado homônimo.

sábado, 2 de julho de 2016

O Guardião - Nicholas Sparks


Depois da pesada leitura de um livro sobre a destruição das cidades alemãs durante a Segunda Guerra, nada melhor do que a placidez de Nicholas Sparks.
Sparks fica, nas minhas estante, ao lado de Danielle Steel, que também é famosa por seus romances água com açúcar, de roteiros manjados, mas bem sucedidos. Por menos qualidade literária que tenham os livros dos dois autores, eu não deixo de lê-los.

Em O Guardião, conhecemos Julie Berenson, uma jovem viúva que vive com seu enorme cachorro Dinamarquês (Dogue Alemão), sua única companhia depois da morte prematura do marido, quatro anos antes do início da história.
Não que ela seja solitária e triste. Julie tem bons amigos e um emprego que a mantém ocupada. Na verdade, ela até está tentando voltar a sair, embora, depois de uns poucos encontros, esteja convencida que todos os homens são uns anormais.
É nesse momento de sua vida que ela conhece Richard, um consultor em engenharia que está a trabalho na pequena cidade em que Julie vive, e a conhece quando vai cortar o cabelo no salão onde ela trabalha.
Richard se encanta por Julie imediatamente, e depois de um encontro simples, mas agradável, ela sente que pode ser ele que trará de volta à vida normal.
Entretanto, há outro homem na vida dela, o mecânico Mike Harris, que ela considera como melhor amigo. Mike, por outro lado, gostaria de ser mais que amigo. Há anos ele vê Julie com os olhos de um homem apaixonado. Mesmo com o isentivo de todos os amigos, ele sente que a chegada de Richard é o golpe final nas suas ilusões amorosas com Julie...
Como não poderia faltar em um romance do Sparks, há também um despeitado. Despeitado, no caso. Trata-se de Andrea, a colega de trabalho de Julie que acha que a amiga tem tudo que lhe é negado. A gota d'água foi Richard tê-la escolhido quando Andrea estava bem ali.

sábado, 25 de junho de 2016

O Incendio - Jörg Friedrich

Sempre que lemos sobre a destruição causada pela Segunda Guerra Mundial, pensamos, em termos arquitetônicos, em Hiroshima e Nagasaki, destruídas pelas bombas atômicas americanas e em Londres, devastada até o limite máximo pela Luftwaffe, a força aérea alemã; em termos humanos, pensamos no holocausto judeu, e nos campos de concentração nazistas.
Entretanto, temos que lembrar duas coisas: primeiro, que a Alemanha também teve seu território atacado desde o começo da guerra, e segundo, nem toda a população alemã era conivente com o esforço de guerra e, muito menos, com o nazismo. Apesar disso, civis ou militares, aguentaram, como ocorria na França e na Inglaterra, a imensa carga dos adversários.
Nesse livro, o escritor alemão Jörg Friedrich mostra ao mundo um pedaço da Grande Guerra que é esquecido, talvez porque seria de péssimo tom sentir pena dos nazistas.
Jörg embasa seu texto e uma vasta variedade de documentos e pesquisa históricas, e dedica mais de quinze páginas apenas para listas as referências que usou.
Ele revela táticas, fatos, impressões, medos, cicatrizes e lições deixadas pela guerra no território comumente considerado como o absoluto agressor.

Em suas quase seiscentas páginas, o livro mostra uma realidade que o mundo preferiu esquecer, a de que a guerra é cruel para vencidos e vencedores. Mas, sempre que penso na quantidade de vidas perdidas nos confrontos e bombardeios da Segunda Guerra e no horror dos bombardeios nucleares, me acalenta pensar que se foi preço necessário para por fim ao nazismo, foram vidas bem investidas.

sábado, 18 de junho de 2016

Viva e deixe Morrer - Ian Fleming

Bond, James Bond.
Quem nunca se divertiu com um bom filme de espionagem? Com um herói como Bond, todo Deus ex Machina e tal, fica ainda melhor, não importa o clichê.
Nos livros, temos todos esses benefícios, e mais a escrita despretensiosa de Ian Fleming, sempre direto ao ponto.
Este é o segundo livro escrito pelo autor, sucedendo diretamente a missão de Royale para James Bond.
Na história, Solitaire (porque sempre temos uma Bond girl) é uma mulher linda e insinuante, capaz de ler o futuro no rosto de uma pessoa. Ela é mantida cativa por Mr. Big, um imenso gângster negro do Harlem, cujos negócios ilegais se estendem ao contrabando de tesouros antigos e ao fornecimento de verbas à SMERSH a unidade de contra espionagem da União Soviética, o braço mais letal do Comunismo.
Bond recebe a missão do MI6 depois da agência de inteligência britânica por as mãos em moedas contrabandeadas e disfarçadas como sendo parte do butim de um antigo pirata. A investigação preliminar ligou os contrabandistas aos agentes soviéticos por meio de Mr. Big, em parceria com o FBI e a CIA
Ao viajar ao reduto do jazz em Nova Iorque, aos Everglades na Flórida e ao Caribe, Bond se verá enredado pelos encantos de Solitaire, e pela violência e sordidez desse gênio do crime, que controla seus fiéis capangas não só pela força, mas também pela ameaça da magia negra. 
Não apenas Bond apresenta características de Deus ex Machina, Mr. Big e vários outros vilões típicos da série 007 parecem estar sempre um passo à frente, ter sempre uma carta na manga e a capacidade de chocar por sua crueldade a cada nova cena.
Viva e deixe Viver é, com certeza, uma de suas melhores aventuras.

sábado, 11 de junho de 2016

Anna Kariênina - Liev Tolstói


"Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira."
Esta é uma das aberturas de livro mais famosas de todas. A história que a segue também é bem conhecida, embora poucos a tenham lido.
Os romances russos têm fama de terem infindáveis personagens, esta não foge à regra. A edição que eu tenho vem com uma lista de mais de 200 personagens, sendo oito os centrais e dois os principais. Há que se fazer justiça, pois a trama é rica e coesa, amarrando bem as histórias dos personagens; sem contar que há espaço nas mais de oitocentas páginas para tanta história.
Falando no número de páginas, me chamou a atenção que se passam mais de setenta até que entrasse em cena a personagem que dá nome ao livro.

A famosa abertura se refere ao livro todo, mas no primeiro capítulo, ela se refere a Stiepan Arcáditch Oblónski um nobre moscovita semifalido. Stiepan Arcáditch é, como muitos dos nobres da Rússia Czarista, funcionário público, tendo conseguido seu cargo por indicação; ele também é uma celebridade em Moscou, conhecido por todos, parente da maioria da fina nata da sociedade; mais de uma vez o autor descreve cenas em que o personagem é recebido por sorrisos e cumprimentos efusivos de todos, onde quer que vá. Ele só está em maus lençóis em casa, onde sua esposa, Dária (Dolly) Aleksandróvna, acaba de descobrir sua infidelidade com a governanta.
Em meio a toda essa confusão conjugal, Anna Arcádievna Kariênina, irmã de Stiepan, chega de São Petersburgo para visitar a família do irmão. Sua chega é providencial, pois ela vem para acalmar a cunhada e convencê-la a voltar a conversar com o marido.
Ainda antes de voltar para casa, Anna frequenta a casa dos pais de Dolly, os Cherbátsky, onde fica muito amiga de Kitty, as irmã mais nova da cunhada. De carona com os dramas de Kitty, vemos a trama se adensar: ela é uma jovem casadoura, e, portanto, vive cercada de pretendentes, entre os quais se destacam Konstantin Liévin e o conde Vrónsky. O primeiro, embora dono de boa parte do afeto da jovem Kitty tem seu pedido de casamento rejeitado porque ela se sentia mais atraída pelo conde, e acreditava que este também lhe proporia em breve.
Acontece que Anna, inconscientemente atrapalha os planos da jovem concunhada, atraindo para si as atenções do conde. Com isso, ela que viera resolver um conflito matrimonial acaba sendo dragada para outro, pois acaba correspondendo às atenções de Vrónski, a despeito do casamento seguro, convencional e confortável.
A partir daí, o livro processe, dividido em oito parte, acompanhando a vida de seus personagens, tendo como foco ora o caso entre Anna e Vrónski, ora a relação de Liévin com Kitty.

Esse livro é um exemplo perfeito dos clássicos da literatura: de alta qualidade, mas denso. Ou seja, não é aconselhável para qualquer leitor, há que se ter uma certa bagagem literária.
Eu particularmente adorei a leitura, mesmo tendo arrastado-a por semanas.