sábado, 31 de janeiro de 2015

A Noite dos Mortos Vivos & A Volta dos Mortos Vivos - John Russo


Na minha infância, nos longínquos anos 90, eu me lembro de assistir várias vezes à filmes com o título Mortos Vivos, mas havia assistido à versão original até conhecer o livro. Depois de assistir e, principalmente, de ler, considero que todo fã de zumbi deveria conhecer essa história, que marcou época e abriu caminho para tantos outros.
Essa edição (e é necessário salientar que o meu é de capa dura, parabéns para a Darkside Books!) traz duas histórias, a do filem original, A Noite dos Mortos Vivos, e a de uma sequência que não foi filmada, A Volta dos Mortos Vivos (o filme homônimo não foi roteirizado por John Russo).
A história é dolorosamente simples: num fim de tarde Bárbara e seu irmão Johnny vão a um remoto cemitério (dá pra terminar bem uma história que começa em um remoto cemitério ao cair da noite?!?!) levar flores ao túmulo do pai. Na saída do cemitério, eles são atacados por um homem desconjuntado e misterioso e Johnny é morto, deixando Bárbara para ser perseguida por seu atacante.
Ela consegue fugir até uma casa abandonada, onde encontra Ben, que também está perdido, mas começa a compreender a situação: os mortos estão levantando de suas covas e querem devorar os vivos.
Em épocas de Resident Evil e The Walking Dead todos esperamos que os zumbis sejam mortas mas inarticulados e fracos. Pois John Russo discordava, e dá a seus mortos vivos capacidade estratégica e força bruta, o que colabora para o terror da história: imaginem-se presos em uma casa rodeada de criaturas forte que se juntam em grandes números para se banquetear de você.
O final da história só poderia ser trágico, mas o livro (bem como o filme, em preto e branco: um charme) é cativante e empolgante.
Na sequência, a história se passa dez anos depois, e os personagens têm que lidar não só com o mortos vivos, mas também com o vivos mal caráter, que buscam se dar bem enquanto o caos reina.

A editora também preparou outras edições especiais de livros sobre filmes como O Massacre da Serra Elétrica e A Morte do Demônio (Evil Dead). Como eu não li e não estou certo que lerei algum desses outros livros, convidei uma amiga, a Paola, que entende muito sobre filmes do gênero, para falar sobre o livro do Evil Dead, na postagem da próxima semana.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Minilivro


Na última semana achei algo sensacional.
Estava dando uma volta pela Livraria Cultura do Shopping Iguatemi de Ribeirão Preto, havia selecionado o livro que compraria e já estava pagando quando encontrei essa preciosidade.


Na verdade no balcão da loja havia toda uma estante com vários desses minilivros. As fotos ao lado são do que eu escolhi para mim: Os Melhores Pintores de Todas as Épocas.
Trata-se de um livro de 400 páginas, com as diminutas dimensões de 6,5cm por 5cm.

Cabe na palma da mão, mas é de ótima qualidade, com capa dura e uma ótima impressão, que permite apreciar as belas obras de arte retratadas no livro apesar de serem em miniatura.
O livro fala de quase 700 anos de história da arte e de mais de 200 pintores que deixaram suas contribuições artísticas para a história da humanidade.
Sem dúvidas será um mimo extra para a minha coleção.

sábado, 24 de janeiro de 2015

Trilogia A Busca do Graal - Bernard Cornwell


Quando li As Crônicas de Artur me chamou a atenção o cuidado historiográfico tomado por Cornwell ao recompor a história do herói britânico. Porém, tal fidelidade aos fatos acabou por excluir da lenda arturiana a corrida pelo Graal. Na mesma época eu me consolei ao encontrar outra trilogia em que o autor se dedica ao mito do Santo Graal. A trilogia é composta pelos livros O Arqueiro, O Andarilho e O Herege.
Porém, lamento dizer que essa série, assim com o romance independente Stonehenge, não faz jus ao gênio narrativo do autor inglês, figurando apenas como coadjuvante em meio à sua vasta gama de títulos publicados.
A trilogia não se restringe à aventura do Graal, mas também lança luz à Guerra dos Cem Anos, contando a história de Thomas de Hookton, filho de um padre que vive em uma aldeia no sul da Inglaterra.
Thomas, um jovem de 18 anos, se vê impelido para fora de casa ao ver o pai morrer em seus braços. Em busca de vingança, e na tentativa de recuperar uma relíquia que o pai guardava, a lança de São Jorge, ele se junta ao exército inglês em campanha na França. Seu objetivo é alcançar O Arlequim, o responsável pela morte de seu pai.
A seu favor, Thomas tem a habilidade com o arco longo, uma arma que só é dominada pelos guerreiros ingleses e que desequilibra a batalha pela coroa da frança, uma vez que um pequeno contingente de arqueiros pode barrar o avanço de uma grande tropa de infantaria ou de cavalaria.
No meio da guerra, nosso arqueiro se vê envolvido numa trama muito maior do que apenas vingar ao pai. Ele começa a desencavar verdades sobre a própria família, membros da nobreza francesa proscritos por liderarem um levante contra a monarquia e a Igreja, mas que tinham em sua posse o Santo Graal.
Pela lenda vigente, o Graal teria sido ou o cálice usado por Jesus para compartilhar o vinho na última ceia, ou a cuia usada pra recolher seu sangue, quando ele já estava pregado na cruz. De qualquer forma, seria a relíquea mais sagrada no cristianismo. No final do terceiro livro, Cornwell propõe uma interpretação para o Graal. Outra interpretação pode ser encontrada no livro O Código Da Vinci, de Dan Brown.

A série tem também um apêndice, um livro extra, 1356, que eu vou ler em breve.

sábado, 17 de janeiro de 2015

O Século: Eternidade por um Fio - Ken Follett

A trilogia O Século foi um dos meus maiores achados literários. Há anos eu acompanho com ela a trajetória do século XX, um século muito interessante, muito marcante, extremamente frutífero no que toca a inspiração para a literatura. Follett escolheu uma das mais evidentes facetas do século para abordar sua narrativa: as guerras que o abateram do começo ao fim.
Para finalizar série, a Guerra Fria, que não foi uma guerra de fato, mas uma corrida armamentista, uma disputa de influências, uma batalha ideológica, entre duas potências: os Estados Unidos da América, em nome do ocidente, do capitalismo e da liberdade e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, em nome do oriente, do comunismo e, consequentemente, do autoritarismo e da violência.
Desde o primeiro livro, Queda de Gigantes, nós acompanhamos a história a través dos olhos de cinco famílias que atuam diretamente nos eventos e sofrem as conseqüências do curso da história. As famílias estão nos centros de ação do século: uma na Rússia, uma na Alemanha, uma na Inglaterra, uma em Gales e a outra nos Estados Unidos.
O livro captura com perfeição o clima de insegurança e tensão que dominou o mundo durante a Guerra Fria: o medo, a raiva, a incerteza, a intolerância e a esperança. Da Alemanha dividida e parcialmente dominada, ao racismo nos Estados Unidos, passando pela luta por renovação na União Soviética e pelo direito dos homossexuais no Reino Unido.
Sem a menor dúvida, é uma série memorável e um dos melhores livros de 2014.

sábado, 10 de janeiro de 2015

Chamadas Telefônicas - Roberto Bolaño

Diferentemente do livro da semana passada, este me surpreender apenas positivamente, pois eu esperava não gostar, mas acabei me encantando. Ganhei o livro há algum tempo e protelei a leitura até que me fosse conveniente conhecer um novo escritor.

Comecei a ler, apenas para o tempo passar, sem esperar grande coisa dos contos; lá pelo terceiro, me encontrei surpreso lendo avidamente. Talvez o que mais tenha me atraído seja frequência de personagens escritores, falando, ora sobre a escrita, ora sobre a vida de escritor. Isso e a fuga do lugar comum entre os escritores em língua espanhola do século XX, que se apegavam a seus contextos lastimosos, e repetiam a mesma miséria, livro após livro.
Em Chamadas Telefônicas, Bolaño traz contos que são como contos deveriam ser: um recorde de uma história, em que fica a encargo do leitor imagina o antes e o depois.
Logo no primeiro conto, "Sensini", o autor diz a que veio, contando a história de um escritor argentino que se especializou em ganhar concursos literários. Trata-se de um personagem arquétipo na obra do autor: um intelectual latino-americano, retratado como uma mescla instável de rancor e compaixão, que não consegue encontrar seu lugar no mundo.
Por fim, um manisfesto de expectativa: dizem os críticos que Bolaño, usando a repetição de personagens e cenas, constrói, livro a livro, um vasto universo ficcional; assim, espero encontrar uma agradável sensação de déjà vu quando ler um segundo livro do autor.

sábado, 3 de janeiro de 2015

Tudo é Eventual - Stephen King

Os livros de Stephen King têm uma qualidade que é marca registrada, e, embora eu goste da maioria, pra mim é em suas coletâneas de contos que sua essência como contador de histórias e como mestre do terror e da fantasia é melhor retratada.
Segue minha impressão sobre os catorze contos que compõem essa antologia:

  • Sala de autópsia 4: Aborda o medo de ser declarado morto ainda estando vivo, Howard Cottrel está em uma sala de autópsia, prestes a ser retalhado; está preso em seu próprio corpo, sem conseguir dizer que está vivo.
  • O homem de terno preto: Um menino de nove anos encontra com o diabo em uma pescaria no bosque e depois passa os próximos 81 sem saber se acreditava em si mesmo.
  • Tudo o que você ama lhe será arrebatado: Um suicida indeciso reflete sobre as possíveis repercussões e sua morte e sobre frases que leu rabiscadas em banheiros por todo o país.
  • A morte de Jack Hamilton: King narra a lenta morte de um fora da lei da época da depressão, o tipo de história que o fascinava quando criança.
  • Na câmara da morte: Um homem é interrogado e torturado em um país da América do Sul. Lá ele experimenta o medo, a dor, a dúvida e a esperança.
  • As irmãzinhas de Eluria: Em uma história da Torre Negra, que se passa antes do início do primeiro livro da saga, Roland de Gilead enfrenta tenebrosas vampiras em um hospital transviado.
  • Tudo é eventual: Provavelmente o melhor conto do livro. Dink largou a escola e recebeu uma proposta de emprego inusitada. Por um longo tempo ele se dedica à nova ocupação, até que, certo dia começa a desconfiar que seus talentos estão sendo mal utilizados.
  • A Teoria de L. T. sobre Animais de Estimação: L. T. DeWitt conta a tragédia de seu casamento, arruinado por dois animais de estimação que odiavam seus donos. King diz ser este seu conto preferido nessa antologia, e ressalta que sempre que é chamado para fazer a leitura de uma de suas obras, o escolhe.
  • O vírus da estrada vai para o norte: Uma história quase autobiográfica, em que um escritor de fantasia se vê perseguido por um assassino maníaco.
  • Almoço no Café Gotham: O que pode ser pior do que um almoço com a esposa que acaba de o abandonar e pedir o divórcio? Talvez um maître com tendências assassinas...
  • Você só pode dizer o nome daquela sensação em francês: King cria uma versão do inferno em que uma mulher fica presa em um looping, repetindo a mesma cena aflitiva vez após vez.
  • 1.408: Um escritor de terror se hospeda em um hotel famoso por ter um quarto mal assombrado. Eles esperava desmascarar mais um mito, mas acaba encontrando a síntese do medo.
  • Andando na bala: Uma das meninas do olhos de Stevie, aborda o medo da morte e o medo de perder a própria mãe.
  • A moeda da sorte: uma camareira de hotel que luta para criar sozinha os dois filhos sonha com as possibilidades de uma moeda da sorte em uma cidade cheia de cassinos até que a encontra.
Cada conto vem acompanhado de uma breve reflexão do autor sobre sua composição.