quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Goddess: Deusa do Mar - P. C. Cast

Eu esperava um pouco mais dessa história, esperava um estilo mais maduro (até porque a personagem não é adolescente) e uma narrativa mais elaborada, mas, mesmo assim, recomendo para os interessados na deusa.
O livro conta como Christine Canady, Sargento da Força Aérea americana, desejou, e obteve, um pouco de magia em sua vida. Na noite de seu vigésimo quinto aniversário, sozinha em seu apartamento, a pós beber muito champanhe, ela fez um ritual de invocação de uma deusa, esperando que aquilo de alguma maneira fizesse sua vida um pouco menos comum.
O que ela não esperava era que o feitiço fosse realmente funcionar, levando-a de um acidente aéreo para um tempo e lugar lendários onde a mágica ainda governa.
Ela acorda já ocupando o corpo da mítica sereia Ondina, filha de Lir, deus dos mares e Gaia, deusa da terra.
Mas nem toda a magia é tranquila, logo Chris se depara com Sarpedon, seu meio irmão que a quer como esposa independentemente de sua recusa. Para escapar desse assédio (vejam que irônico) ela se refugia em um monastério medieval, onde descobrirá a subposição da mulher perante o cristianismo.
Mas, como nem tudo é horror, neste mundo ela também encontra o amor verdadeiro, um sentimento tão forte que quebra barreiras.
Acho que o livro "conversa" (mesmo sem citar) bastante com a obra de Marion Zimmer Bradley, na questão do lugar e dos direitos da mulher. Veja algumas resenhas de livros desta autora:

Ancestrais de Avalon;
A Rainha da Tempestade;
A Dama do Falcão;
Dois Par Conquistar.

sábado, 25 de agosto de 2012

Histórias da Meia-noite - Machado de Assis

Nessa coletânea de contos o rei da literatura nacional reúne historias, que ele mesmo nomeia “escritas ao correr da pena, sem outra pretensão que não seja a de ocupar alguma sobra do precioso tempo do leitor”.
São elas:
A parasita azul: um conto de amor que relata a volta do jovem Camilo a Goiás, depois de estudar medicina em Paris, cá, ele se apaixona por uma moça que já era apaixonada por ele.
As bodas de Luís Duarte: descreve uma história ocorrida em apenas um dia, o dia do casamento de Luís Duarte com Carlota Lemos.
Ernesto de Tal: esse é um dos melhores, descreve como uma moça namoradeira aprendeu uma boa lição.
Aurora sem dia: esse conto possui um delicioso tom irônico. Descreve a trajetória de Luís Tinoco, que decide se fazer poeta. Como seus poemas são superficiais, e não agradam tanto, ele vê-se encaminhado para a carreira política. Em seguida, à agricultura. Trata-se de uma crítica à vaidade dos artistas e à falta de seriedade na política (que persiste até hoje!).
O relógio de ouro: uma história um tanto confusa sobre uma briga de um casal.
Ponto de vista: traz cartas trocadas entre duas amigas e o pretendente de uma delas. O que mais me chamou a atenção neste conto foi o inusitado do estilo, não me recordo te ler outro conto na forma de troca de missivas.
Apesar de pequeno, este livro figura para mim com um dos melhores do autor realista, tal como O Alienista.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Cinquenta Tons de Cinza - E. L. James

Eu já havia ouvido/lido sobre este best-seller, mas não tinha dado muito o braço a torcer. Resolvi ler, em ebook, só para constar.
Mal posso esperar para comprar toda a coleção (livro físicos de verdade!).
O livro te prende à ele de um modo raro, possivelmente graças ao estilo narrativo, rápido e intrigante que te faz querer conhecer melhor a cabeça de E. L. James. É claro que o assunto contribui também.
De um modo sutil, lembra a série Crepúsculo (na qual foi inspirada), embora seja mais adulta e mais pós-moderna.
Embora eu esteja indicando a leitura, não o faço sem ressalvas. Nem todos gostarão, por sua característica demasiadamente explícita. Pela mesma razão não recomendo para adolescentes.
Sem falso moralismo ou puritanismo (que eu tanto critico), mas os adolescentes, com seus hormônios em fúria (clichê) e suas mente impressionáveis não precisam de mais esta sugestão neste momento de suas vidas...
Mas é sério, pessoas "pouco bem resolvidas" podem ter problemas com as cenas fortes sugeridas pela autora.
Apesar disso a história também é boa, embora a personagem se mostre imatura, principalmente no finalzinho do livro, quando ela toma uma decisão importante por puro impulso. Dá até pra questionar se não foi forçado para dar um fim ao primeiro livro e deixar um gostinho de quero mais para o segundo (se for, funcionou)...
A história começa quando Anastasia (Ana) Steele entrevista o jovem (e podre de rico) empresário Christian Grey e descobre nele um homem atraente, brilhante e profundamente dominador. Ingênua e inocente (ela é uma virgem de 21 anos, literalmente!), Ana se surpreende ao perceber que, a despeito da enigmática reserva de Grey, está desesperadamente atraída por ele. E ele por ela.
Porém, o que poderia se tornar um belo primeiro amor, se torna uma relação complicada e dura.
Christian insiste em inseri-la em seu mundo sadomasoquista. E Ana insiste em mostrar a ele as possibilidades de um amor verdadeiro...

sábado, 18 de agosto de 2012

Biografia de Manuel Bandeira

Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho nasceu em 19 de abril de 1886 e morreu em 13 de outubro de 1968, filho do engenheiro Manuel Carneiro de Sousa Bandeira e de Francelina Ribeiro.
No Rio de Janeiro, para onde viajou com a família, em função da profissão do pai, estudou no Colégio Pedro II.
Em 1904 terminou o curso de Humanidades e foi para São Paulo, onde iniciou o curso de arquitetura na Escola Politécnica de São Paulo, que interrompeu por causa da tuberculose. Para se tratar buscou repouso em Campos do Jordão, Campanha e outras localidades de clima mais ameno.
Iniciou-se na literatura, com "A Cinza das Horas", em 1917, e dois anos depois, com a publicação de "Carnaval".
Em 1935, foi nomeado inspetor federal do ensino e, em 1936, foi publicada a “Homenagem a Manuel Bandeira”, coletânea de estudos sobre sua obra, assinada por alguns dos maiores críticos da época, alcançando assim a consagração pública. De 1938 a 1943, foi professor de literatura no Colégio D. Pedro II, e em 1940, foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Tempo-será - Manuel Bandeira

A Eternidade está longe
(Menos longe que o estirão
Que existe entre o meu desejo
E a palma da minha mão).

Um dia serei feliz?
Sim, mas não há de ser já:
A Eternidade está longe,
Brinca de tempo-será.

sábado, 11 de agosto de 2012

O Alienista Caçador de Mutantes - Machado de Assis & Natalia Klein

Mais uma interessante releitura de um clássico imortal de nossa literatura.
Natalia Klein transforma o conceituado, porém excêntrico, médico Simão Bacamarte em um médico mais excêntrico ainda e com tendências homossexuais extravagantes.
Na historia original Simão Bacamarte fundara um hospício, a Casa Verde, em Itaguaí, onde ele passara a internar todas as pessoas que ele julgava loucas; desde o vaidoso, ao bajulador, passando pela supersticiosa e pela indecisa (a própria esposa). No começo a vila de Itaguaí aplaudira a atuação do Alienista, mas os exageros de Simão Bacamarte ocasionaram um motim popular.
Na nova versão Natalia mantém o traçado original, alterando apenas o tipo de interno escolhido pelo alienista, que passa a ser todo e qualquer itaguaiense que aparentasse ser um mutante, afetado por um vírus alienígena; além da sexualidade do ilustre personagem.
Entre as analogias que a autora faz, está a presença de Alf o Eteimoso na clica Casa Verde.
Ao contrário de A Escrava Isaura e o Vampiro, essa é uma remodelagem que vale a pena conferir!

sábado, 4 de agosto de 2012

As Crônicas de Gelo e Fogo: A Guerra dos Tronos - George R. R. Martin

O Inverno está para chegar (ou o inverno está chegando). Está é a frase mais repetida no livro. Também, pudera, Westeros, a terra fictícia em que se passa a história, é descrita como onde o verão pode durar décadas e o inverno toda uma vida. Logo no prólogo um dos personagens  diz:
"[...] Vi homens congelar no inverno passado e no outro antes desse, quando eu era pequeno. Toda a gente fala de neves com doze metros de profundidade, e do modo como o vento de gelo chega do norte uivando, mas o verdadeiro inimigo é o frio. Aproxima-se em silêncio [...] A princípio estremece-se e os dentes batem, e bate-se com os pés no chão e sonha-se com o vinho aquecido e boas e quentes fogueiras. Ele queima, ah, como queima. Nada queima como o frio. Mas só durante algum tempo. Então, penetra no corpo e começa a enchê-lo, e passando algum tempo já não se tem força suficiente para combetê-lo. É mais fácil limitarmo-nos a nos sentar ou adormecer. Dizem que não se sente dor alguma perto do fim. Primeiro, fica-se fraco e sonolento, e tudo começa a se desvanecer, e depois é como afundar num mar de leite morno. [...]"
Dá pra sentir frio só de ler...
Este é, na verdade, o tipo livro que você vai gostando mais e mais a cada uma das quase 600 páginas (lembrando que este é o menor dos 5 livros lançados até agora). E apesar de eu ter lido algumas críticas sobre a tradução (que seria apenas uma adaptação da versão publicada em Portugal, e, portanto, estaria em português lusitano), não percebi nada que atrapalhasse a leitura.
A narrativa é construída a cada capítulo sob a perspetiva de um dos personagens centrais, sempre em terceira pessoa, ligando os fios que tecem a trama.
Westeros é dividido em sete reinos, governados por sete famílias e seus vassalos, acima dos sete senhores está o rei, guardião do território, aquele que ocupa o Trono de Ferro. Robert Baratheon passou a ocupar o trono desde que reuniu aliados e se revoltou contro o Rei Aerys Targaryen, o rei louco (por razões que só são explicadas lentamente durante a leitura).
Após a mal explicada morte da antiga Mão do Rei - um cargo cujo ocupante é responsável por dirigir o reino no lugar do rei - Robert convoca Eddard (Ned) Stark, Senhor de Winterfell e Protetor do Norte, para a posição. Ned o atende levando em conta que o seu amigo está rodeado por fracos e bajuladores, entre os quais sua Rainha, a ambiciosa e maquiavélica Cersei Lannister e sua família são os piores.
Paralelamente às disputas e incontáveis jogos políticos e estratégias militares ousadas nos sete reinos, testemunhamos a luta por sobrevivência de Daenerys Targaryen, juntamente com seu irmão Viserys, os últimos da família dos reis dragão.
Mas aparentemente o perigo verdadeiro está mais ao norte, por trás da Muralha que protege a região, onde forças sobrenaturais há muito esquecidas se espalham novamente...
A verdadeira guerra dos tronos só começa mais no fim do livro, que tem a capacidade de te sugar para o interior de suas páginas e te levar ao convívio e à plenitude das emoções de seus personagens, talvez por isso seja tão irresistível.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

O Impossível Carinho - Manuel Bandeira

scuta, eu não quero contar-te o meu desejo
Quero apenas contar-te a minha ternura
Ah se em troca de tanta felicidade que me dás
Eu te pudesse repor
- Eu soubesse repor -
No coração despedaçado
As mais puras alegrias de tua infância!