sábado, 29 de agosto de 2015

A Inquilina de Wildfell Hall - Anne Brontë

Há cerca de um ano, eu li O Morro dos Ventos Uivantes, de Emily Brontë e me apaixonei pela história, embora tenha detestado a tradução da Martin Claret. De fato, detestei tanto que antes de terminar a leitura, comprei a edição em inglês. Esse livro vinha com um romance de cada uma das três irmãs Brontë (Jane Eyre de Charlotte e Agnes Grey de Anne).
Depois de ler um livro de cada irmã, me tornei fã incondicional!
Venho, desde então, procurado por mais livros delas. É uma pena Emily só ter escrito um e Anne dois.
Outra lástima é a dificuldade para se encontrar (boas) traduções das obras das Irmãs Brontë. Por isso, tive que apelar também para uma versão britânica de A Inquilina de Wildfell Hall.
A história se passa, como de hábito, em uma comunidade rural da Inglaterra vitoriana, e gira entorno de Helen, a misteriosa nova moradora de Widfell Hall. Ela chega à propriedade com seu filho, alegando ser viúva.
Helen mantém a si a seu filho com os quadros que pinta e vende, e embora seja muto pacata e de fácil convívio, começa a ser alvo de maliciosos comentários devido a seus hábitos reclusos.
A situação se complica quando um morador local, o narrador, se apaixona por ela, a despeita da sutil relação que já mantinha com uma moça local. Para calar as suspeitas e aquietar seu correspondido admirador, ela entrega a ele seu diário, em que relata a sua traumatizante relação conjugal.
Embora a maior parte do livro seja constituída da leitura do diário de Helen, minha parte preferida é o início, suja chegada à nova região.

sábado, 22 de agosto de 2015

Biografia de H. G. Wells

Eu conheço pelo menos dois grandes autores que nasceram em 21 de setembro, um é Stephen King, que nasceu em 1947, o outro é H. G. Wells, nascido em 1866, em Bromley, Inglaterra.
Wells foi outro escritor que, de origem pobre, prosperou com a pena.
Nascido em um distrito de Londres, Herbert George Wells, foi aprendiz de um negociante de panos, labutou por muito tempo para ter condições de bancar o próprio estudo até conseguir uma bolsa na Escola Normal de Ciências, em Londres, onde estudou biologia. Wells chegou a trabalhar sob a orientação de T. H. Huxley, conhecido como buldogue de Darwin por sua ferrenha defesa da teoria da evolução (foi também avô de Aldous Huxley, autor de Admirável Mundo Novo).
Wells certamente aproveitou muito de sua formação acadêmica para desenvolver o plano de fundo de seus romances e contos sobre ficção científica, mas é sempre bom lembrar que ele também foi muito produtivo em artigos e livros científicos bem como em livros didáticos. Sem dúvida é seguro afirmar que sua genialidade narrativa ficou bem registrada.
É triste, entretanto, a análise de sua produtividade do ponto de vista da literatura, pois, foram poucos os romances que ele deixou, tendo parado cedo e se dedicado apenas à ciências. Seus mais famosos livros são A Máquina do Tempo (1895), A Ilha do Dr. Moreau (1896), O Homem Invisível (1897) e A Guerra dos Mundos (1898). Tendo vivido mais 50 anos depois de sua publicação, para mim, a obra prima do autor foi A Ilha do Dr. Moreau, auge literário de sua carreira.

sábado, 15 de agosto de 2015

O País dos Cegos e Outras Histórias - H. G. Wells

Pensar em H. G. Wells é pensar em imaginação.
Imagine-se como o único vidente e um país de cegos. Seria você rei, como sugere o ditado "em terra de cego quem tem um olho é rei"? Mas e se os cego, após gerações e gerações de cegueira, tivessem desenvolvido métodos novos para organizar sua sociedade? Se tivessem levado a visão a um status supérfluo? Se não compreendessem o conceito de enxergar? É esse o cenário do primeiro conto do livro.
No segundo, somos confrontados com a hipótese de uma estrela se colidir com o distante planeta Netuno. Que efeitos sofreríamos na Terra? Como os Marcianos avaliariam a situação?
E como seria descobrir-se no campo de batalha com uma infantaria tradicional a enfrentar os primeiros tanques de guerra?
Imagine também um jovem que encontra um diabólico velhinho com planos de imortalidade oferecendo sua herança a qualquer jovem saudável e talentoso.
Qual o menino que não adoraria entrar em uma loja de mágica? Mágica de verdade? Coelhos surgindo da cartola, bolas de vidro aparecendo do nada, trenzinhos que se movem ao comando da voz, soldadinhos de chumbo que se movem ao comando do general. E qual pai não adoraria uma loja que não cobrasse por seus brinquedos?
A imaginação de Wells se estende também para o longínquo e selvagem Brasil, onde formigas de 5cm estão consolidando um império, banindo os moradores e destruindo todo o país.
E se fosse possível um medicamento que acelerasse o metabolismo a ponto de colocar-nos em uma velocidade diferente do resto do mundo, como se houvéssemos parado o tempo? Seria possível realizar trabalhos complicadíssimos em minutos, percorrer longas distâncias em segundos, dormir menos de meia hora por dia... mas, e quanto às complicações biológicas de tal alteração?

A imaginação de Wells parece ser infinita!

sábado, 8 de agosto de 2015

Morte no Nilo - Agatha Christie

Os livros de Agatha Christie são publicados no Brasil por várias editoras, sendo a Nova Fronteira a que mais se destaca. Em 2014, a editora anunciou novas edições, mais luxuosas do que as versões econômicas em que encontramos as histórias da Rainha do Crime. As novas edições são em capa dura e em papel amarelado, e devem abranger mais títulos da autora nesse nos próximos meses.
Este é um dos livros que mostram a influência do segundo casamento da autora com o arqueólogo Max Mallowan, com quem viajou o mundo e se aventurou no mundo das escavações arqueológicas.
Na história vemos como a linda herdeira Linnet Ridgeway "rouba" o noivo de sua melhor amiga e passa a ser perseguida por essa amiga. Teria a jovem milionária ido longe demais?
Em sua viagem de lua de mel, num cruzeiro pelo rio Nilo, o casal encontra e reencontra várias vezes com a mulher abandonada. Haveria algo mais perigoso do que uma mulher abandonada, uma amiga traída? É o que Linnet se pergunta quando falha uma tentativa de tirar sua vida.
O triste é que ela não tem tempo para refletir mais sobre o tema, pois a segunda tentativa não falha, e ela é encontrada morta com um tiro na cabeça logo após ter o marido baleado e ferido gravemente pela mesma arma.
Cabe a Hercule Poirot, de férias, e ao Coronel Race descobrirem...

sábado, 1 de agosto de 2015

Novembro de 63 - Stephen King

A mídia e a crítica tendem a definir os livros de King pelo fatores mais polêmicos em suas histórias. Assim, é comum se dizer que este é um livro sobre viagem no tempo. Eu, por outro lado, costumo pensar diferente: quem lê King assiduamente, percebe certas repetições e um estilo geral de construção da trama e de condução da narrativa, de modo que Novembro de 63, para mim, é a história de uma aventura vivida pelo professor de inglês Jake Epping.
Jake teve um aluno em um curso supletivo que mexeu muito com ele, Harry Dunning que fora espancado e assistira a mãe e os irmãos serem assassinados pelo pai quando criança. A história da vida desse aluno impressiona Jake e, anos depois quando ele é apresentado a uma fenda que é capaz de levá-lo ao ano de 1958, ele enxerga ali a chance de mudar o destino de seu ex-aluno.
Em 2011, seu amigo Al apresenta a ele a fenda que pode transportá-lo para 53 anos no passado. Al relata que vem usando esse escape como férias ha muitos anos, mas que recentemente, após descobrir um câncer de pulmão inoperável, ele decidiu usar essa "ferramenta" para fazer algo de útil: salvar a vida de John Kennedy, o presidente americano assassinado em 1963.
Segundo Al, salvando Kennedy, a história seria alterada em um efeito borboleta a curto e longo prazo. Por exemplo, com Kennedy vivo, poderia-se evitar também o assassinado de Martin Luther King, líder do movimento pela igualdade nos Estados Unidos na mesma época. Outro efeito desejado era evitar a participação americana na guerra do Vietnã.
Jake, que acabara de se divorciar e estava com poucas razões para se prender ao presente, decide tentar, e de quebra salvar a vida da família Dunnig.

O último livro de King que eu tinha lido foi A Coisa, que se passa na fictícia cidade de Derry, no Maine. Foi, então agradável reencontrar a temerosa cidadezinha, ainda que ela apresentasse para Jake uma faceta inóspita. (Aparentemente, Derry volta a ser palco da imaginação do autor em Insônia, que pretendo ler em algumas semanas.)

Por fim um comentário sobre a edição, que foi preparada pela Suma de Letras ficou uma graça: eles aproveitaram a capa americana, que exibe na frente uma página de jornal relatado a morte de Kennedy e no verso a mesma matéria, anunciando que o presidente escapara ileso do atentado. Além disso, as páginas do jornal são texturizadas, áspera na parte amarelada e lisa na parte vermelha.