quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A Árore - João Cabral de Melo Neto

O frio olhar salta pela janela
para o jardim onde anunciam
a árvore.

A árvore da vida? A árvore
da lua? A maternidade simples
do futuro?

A árvore que vi numa cidade?
O melhor homem? O homem além
e sem palavras?

Ou a árvore que os homens
adivinho? Em suas veias, seus cabelos
ao vento?

(O frio olhar
volta pela janela
ao cimento bruto
do quarto e da alma:

calma perfeita,
pura inércia,
onde jamais penetrará
o rumor

da oculta fábrica
que cria as coisas,
do oculto impulso
que explode em coisas

como na frágil folha
daquele jardim.)

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